A operadora Oi contratou a empresa americana PJT Partners como assessora financeira, com objetivo de tentar a ajudar a companhia a reorganizar suas contas e buscar capital, apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. A dívida bruta da Oi, de R$ 53,6 bilhões, é considerada insustentável na atual estrutura de capital.
A Oi dava como certa uma injeção de capital do fundo russo LetterOne, de até US$ 4 bilhões, mas a operação foi suspensa com o fim das conversas de fusão da empresa com a TIM. Sem o recurso, a Oi deve agora tentar uma solução alternativa de capital e, posteriormente, reestruturar a sua dívida.
As três principais agências de classificação de risco cortaram a nota da companhia recentemente. Os credores estrangeiros, que reúnem cerca de R$ 40 bilhões da dívida da Oi, já embutem nos preços a reestruturação e uma perda de até 80% do valor do que investiram. No mercado, alguns escritórios especializados em recuperação de empresas comentam até que, teoricamente, a recuperação judicial seria a única solução. O problema é que a Oi, como prestadora de serviço público, poderia perder a concessão nesse caso.
Rebaixamento
A Moody's foi a agência de risco que baixou a nota da Oi para mais perto da categoria que remete à perspectiva de uma reestruturação da dívida. O rating corporativo foi cortado em três níveis na moeda estrangeira e local, para Caa1/Caa1.br, de Ba3/A3.br, respectivamente. A Fitch tem a segunda pior nota para a companhia, em B; e a Standard & Poor’s (S&P) a classifica em B+, um nível acima da Fitch.
A expectativa das três agências é de que a empresa terá pressão nos vencimentos a partir de 2017, já que sua posição de caixa este ano seria suficiente para honrar os compromissos com dívida, que somam mais de R$ 11 bilhões. Em 30 de setembro do ano passado, o caixa da companhia estava em R$ 16,4 bilhões. Em 2017, as obrigações da Oi estão em R$ 9 bilhões.
Mauro Storino, da Fitch, sinalizou que a agência tem expectativa de que a companhia encontre alguma solução para reforçar sua operação ou seu caixa este ano, a fim de evitar uma reestruturação de sua dívida. "Se chegarmos até agosto e algo diferente não acontecer, há probabilidade do rating ser novamente rebaixado", disse.
A chegada de investidores para colocar capital na companhia depende, em parte, da perspectiva de mudança regulatória, de acordo com especialistas. Atualmente, a Oi é a maior concessionária de telecomunicações no Brasil, o que prende a empresa a metas e obrigações relacionadas à universalização do serviço através de telefonia fixa. Uma mudança no modelo, com uma possível transição para a estrutura de autorização e foco em internet de alta velocidade, poderia permitir mais investimentos e abriria caminho para uma atualização da companhia.
A urgência por uma solução também foi citada pela analista Luísa Vilhena, da S&P. Se a Oi não encontrar uma saída no curto prazo, o nível de divida da companhia vai acabar consumindo toda a geração de caixa operacional nos próximos dois anos. No exterior, os detentores de bônus já questionam escritórios de advogados brasileiros para entender quais são as opções que têm e os riscos a que estarão expostos em eventual reestruturação da dívida da companhia. Procurada, a Oi não comentou sobre o assunto.