Valor de mercado do Bradesco cai R$ 6 bilhões

Notícia de que a PF pediu o indiciamento do presidente do banco Luiz Carlos Trabuco, e de outros dois executivos do banco, no âmbito da Operação Zelotes, fez o banco perder valor de mercado
Estadão Conteúdo
Publicado em 01/06/2016 às 8:41
Notícia de que a PF pediu o indiciamento do presidente do banco Luiz Carlos Trabuco, e de outros dois executivos do banco, no âmbito da Operação Zelotes, fez o banco perder valor de mercado Foto: Foto: Divulgação


A notícia de que a Polícia Federal pediu o indiciamento do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e de outros dois executivos do banco, no âmbito da Operação Zelotes, fez o banco perder cerca de R$ 6 bilhões em valor de mercado. Com a queda das ações, o valor do banco caiu de R$ 136 bilhões para R$ 130 bilhões. Um novo desdobramento da Zelotes envolvendo o Bradesco já era esperado, mas o envolvimento do nome de Trabuco causou surpresa, segundo fontes ligadas ao banco.

"Tão rápido quanto veio, será desmontada", disse, confiante, um alto executivo do banco, na condição de anonimato. As investigações da Polícia Federal indicam a existência de conversas entre Trabuco e executivos do banco, o vice presidente Domingos Abreu e o diretor de relações com investidores, Luiz Carlos Angelotti, com o grupo acusado de tentar corromper integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para anular um débito de R$ 3 bilhões da instituição com a Receita Federal. 

Em nota, o Bradesco negou a contratação de serviços do grupo investigado na Zelotes e que Trabuco tenha participado de conversas com os lobistas. O banco destacou que foi derrotado por seis votos a zero no julgamento do Carf. "O Bradesco irá apresentar seus argumentos juridicamente, por meio do seu corpo de advogados. O Bradesco reitera seus elevados padrões de conduta ética e reafirma sua confiança na Justiça", acrescentou o banco, em nota. 

"A companhia jamais prometeu, ofereceu ou deu vantagem indevida a quaisquer pessoas, inclusive a funcionários públicos, para encaminhamento de assuntos fiscais ou de qualquer outra natureza", acrescentou a nota do banco. 

Um analista de mercado avalia que o assunto, além de "delicado", é "obviamente ruim" para o banco, que aguarda o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para incorporar o HSBC

As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) do Bradesco, que chegaram a cair mais de 7% após a Coluna do Estadão ter antecipado a notícia, encerraram o pregão desta terça-feira, 31, com queda de 5%, cotadas a R$ 22,80. Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) recuaram 3,69%, a R$ 24,51. No exterior, a notícia fez com que os bônus com vencimento em 2019 do Bradesco caíssem 1,4%, cedendo de 109% do valor de face antes da divulgação da informação para 107,50% do valor de face.

Os American Depositary Receitps (ADRs), recibos de ações listados na Bolsa de Nova York fecharam em queda de 5,58%, a US$ 6,26, cotação mínima desde 16 de março, quando o papel fechou em US$ 5,94.

Sucessão

Trabuco completa em outubro 65 anos, idade limite para presidir o banco. Se os procedimentos forem mantidos, sua saída deve ocorrer após a assembleia, agendada para março do ano seguinte. Mas ele é considerado o candidato natural à sucessão de Lázaro de Melo Brandão na presidência do conselho de administração do banco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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