O dólar caiu pela quarta sessão seguida ante o real nesta sexta-feira, 17, com baixa de 1,27%, para R$ 3,4214, em meio ao alívio da percepção de risco no exterior. A trégua lá fora foi direcionada pelo possível adiamento da votação no Reino Unido sobre a permanência ou não na União Europeia. Após a morte da parlamentar britânica Jo Cox, que era favorável ao "ficar", há também a leitura de que a comoção em torno da tragédia pode beneficiar a causa da deputada trabalhista. A votação está marcada para a semana que vem, no dia 23, mas as campanhas em torno do referendo foram suspensas desde o incidente.
O dólar passou o dia inteiro em queda e atingiu a mínima de R$ 3,4190 (-1,34%). O giro registrado na clearing de câmbio da BM&FBovespa foi de US$ 1,882 bilhão. Em junho, a moeda acumula queda de 5,25%. A taxa Ptax desta sexta-feira fechou a R$ 3,4372, baixa de 1,52%, enquanto em junho a perda foi de 4,39%. Na semana, porém, houve alta de 0,32% da Ptax.
Segundo operadores, alguns participantes do mercado aproveitaram o alívio no cenário externo para desfazer posições compradas em dólar, incluindo grandes bancos. Também contribuiu para a queda, de acordo com especialistas, o fluxo de entrada de dólar a partir de operações de exportadores. "Temos observado fluxo positivo pela via comercial. Os exportadores, que até esperavam alguma recuperação do dólar, estão vendendo para fazer caixa", explicou um operador.
Apesar da sequência de baixas, a divisa norte-americana acumulou perda de apenas 1,75% no período de quatro dias e de 0,12% na semana no mercado à vista, uma vez que a aversão ao risco no cenário internacional só se dissipou gradualmente.
Além das novas discussões sobre a questão britânica, diminuíram ao longo da semana as preocupações sobre uma elevação iminente de juros nos Estados Unidos, abrindo caminho para busca por ativos mais arriscados, como o real, ante o dólar. Na quarta-feira, o Federal Reserve manteve suas taxas de juros inalteradas, entre 0,25% e 0,50%, e sinalizou que pode levar algum tempo para retomar o ciclo de aperto monetário. De acordo com dados do CME Group, as chances de uma elevação de juros em qualquer uma das reuniões do Fed em 2016 estão em menos de 26%.
O dólar futuro para julho perdeu 1,48% nesta sexta-feira, fechando aos R$ 3,4270, na mínima, com giro de cerca de US$ 16,204 bilhões.