As seguidas quedas do dólar levaram o Banco Central (BC) a anunciar uma intervenção no mercado cambial. Nessa quinta-feira (30), o dólar recuou 0,83%, cotado a R$ 3,2105. Em junho, a moeda americana desvalorizou 11%. Com a nova queda, o BC anunciou, após o fechamento do mercado, que lançaria mão hoje de um instrumento usado para conter a variação do câmbio, chamado de swap cambial reverso.
Essas operações equivalem à compra de dólares no mercado futuro e são utilizadas para evitar uma queda ainda maior da moeda americana. Elas servem para desmontar o estoque de outras operações feitas anteriormente pela autoridade monetária, os swaps tradicionais, utilizados pelo BC quando o objetivo é o oposto - evitar uma alta ainda maior da moeda americana. O BC tem um estoque de US$ 62,135 bilhões em contratos tradicionais de swap cambial.
A oferta do BC de apenas US$ 500 milhões nos contratos de swaps cambiais reversos não deverá trazer grandes impactos na cotação do dólar, segundo analistas, mas servirá para indicar vigilância sobre o mercado cambial. O BC não oferta swap cambial reverso desde 18 de maio, um dia após o dólar ter fechado a R$ 3,4895 no mercado à vista.
O mercado ainda tenta identificar qual é o piso da cotação do dólar na gestão do novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Durante a presidência de Alexandre Tombini, o patamar de R$ 3,50 era visto como um "gatilho" para o anúncio de leilões de swap cambial reverso.
Para o operador José Carlos Amado, na Spinelli Corretora, o volume do leilão de hoje é pequeno, em linha com a "parcimônia" já indicada por Goldfajn. "Não acho que o mercado vai sair tomando dólar só porque teve anúncio de swap cambial reverso. Pode ser que, por ter caído muito, tenha uma alta, mas nada com muita sustentação", afirmou. Na avaliação dele, um dos termômetros da abertura será o exterior, uma vez que na próxima segunda-feira será feriado nos EUA, o que pode gerar alguma volatilidade hoje.
Em Nova York, o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Daniel Godinho, garantiu que o governo não tem recebido queixas sobre o atual patamar do dólar. Ele destacou que a taxa média deste ano é de R$ 3,71 até agora. Em 2015, ficou em R$ 3,34. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.