A aposta de que administração de Donald Trump deve elevar os gastos do governo dos Estados Unidos, forçando o Federal Reserve a adotar uma política monetária mais restritiva, para contrabalançar os efeitos na economia, fortaleceu o dólar ante moedas de vários países emergentes. A divisa à vista no balcão subiu pela quinta sessão seguida nesta segunda-feira (14) avançando 1,15% e terminando a R$ 3,4444, o maior valor desde 16 de junho (R$ 3,4654). O giro registrado na clearing de câmbio da BM&FBovespa era de US$ 627,6 milhões. No mercado futuro, o dólar para dezembro avançou 1,17%, a R$ 3,4500. O volume de negócios ficou em US$ 13,340 bilhões. A divisa norte-americana também ganhou terreno em relação a outras moedas emergentes.
Nem mesmo indicações de uma postura mais moderada de Trump são capazes de acalmar os mercados globais de moedas. O republicano anunciou neste domingo o nome de Reince Priebus, presidente do Comitê Nacional do Partido Republicano, como seu chefe de gabinete. Steven Bannon, ex-banqueiro do Goldman Sachs e ex-oficial da Marinha norte-americana, que atuou como executivo-chefe da campanha de Trump, será estrategista-chefe e conselheiro sênior do presidente. O presidente eleito também falou por telefone com o presidente da China, Xi Jinping, na noite de ontem, numa conversa em que os líderes estabeleceram uma "clara percepção de respeito mútuo", segundo o escritório de Trump.
"O fato é que ninguém sabe o que Trump vai fazer e, na dúvida, ainda mais antes do feriado amanhã, é melhor comprar dólar", comenta o gerente da mesa de operações na Advanced Corretora, Douglas Dantas.
Hoje, o Banco Central colocou um lote de 15 mil contratos de swap cambial tradicional (que equivale à venda de dólares), totalizando US$ 750 milhões. O BC anunciou, após o fechamento, oferta de 20 mil contratos de swap tradicional (US$ 1 bilhão) para rolagem na quarta-feira. Além disso, ofertará 10 mil contratos novos de swap, o equivalente a um montante de US$ 500 milhões.
Na pesquisa Focus, que não capturou totalmente o estresse dos mercados na última sexta-feira, as projeções para o câmbio passaram de R$ 3,20 para R$ 3,22 no fim deste ano, e de R$ 3,39 para R$ 3,40 no fim de 2017. Enquanto isso, a balança comercial brasileira segue com desempenho forte. O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços divulgou nesta tarde que o saldo na segunda semana de novembro (7 a 13) ficou superavitário em US$ 1,121 bilhão. Neste mês, o resultado comercial é positivo em US$ 1,442 bilhão, enquanto no ano o superávit já soma US$ 39,966 bilhões.