Se a Operação Carne Fraca causou consternação e revolta na maior parte dos consumidores das empresas envolvidas, algumas pessoas viram no caso algo a ser aproveitado, quase celebrado: os vegetarianos. “A demanda tem sido muito bacana”, diz Guilherme Carvalho, secretário-executivo da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVP).
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“As pessoas nos contatam e dizem estar enojadas com o fato de elas próprias comerem carne. Quando você põe o assunto do apodrecimento nas manchetes, as pessoas se lembram de quão nojento é comer carne”, diz. “Isso acende uma luz na cabeça das pessoas, e não podemos desperdiçar essa energia, esse ímpeto que podem deixar de comer carne permanentemente”.
Quem já adota o estilo de vida livre de ingredientes de origem animal, chamado veganismo, está divulgando o assunto freneticamente, segundo Carvalho. “Mas quem nos importa são aqueles que começam a se questionar por causa desses episódios disruptivos”.
Segundo Fabio Chaves, fundador do portal vegano Vista-se, o site multiplicou o número de visitantes simultâneos de 10 a 12 vezes na última sexta-feira (17), quando a operação foi deflagrada.
“A maior parte dos leitores viu o evento como algo positivo, especialmente porque essas empresas estão na televisão todo o tempo falando contra a causa em que eles acreditam”, diz Chaves.
Outros, por outro lado, não ficaram agradados porque o sofrimento dos animais não está em pauta.
Para ele, a corrupção na esfera política das empresas mencionadas evidencia, ao mesmo tempo, a falta de responsabilidade em outras áreas. “Se estão pagando propina para evadir fiscalização, imagina o que é o trato de animais. Seria a última coisa em que estão pensando”.
O médico sanitarista Eduardo Jorge, um dos vegetarianos mais proeminentes na política, diz que é um absurdo um produto não obedecer minimamente às normas da vigilância sanitária. O ator Tony Ramos, garoto-propaganda da Friboi, disse que, dependendo do desdobramento das investigações, poderia deixar de fazer publicidade para a marca.