Engenheiros da Agência Espacial Brasileira (AEB) participaram da construção do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), o que permitiu que o País absorvesse tecnologia de ponta empregada na indústria aeroespacial. O SDGC foi lançado na quinta-feira (4).
A jornada dos engenheiros mecânicos Cristiano Queiroz, Erlam de Souza, Pedro Kaled e Ronne Toledo começou com a seleção interna feita pela AEB em 2013. Desde então, cada um deles passou pelo menos dois anos nas instalações da Thales Alenia Space, em Cannes e em Toulouse, na França.
Ronne Toledo atuou especialmente na área de sistemas térmicos do SGDC, além de ajudar no desenvolvimento dos painéis da bateria do satélite. Erlam de Souza conseguiu aumentar a vida útil do satélite em seis meses ao desenhar um formato diferente para ampliar a capacidade do tanque de combustível. Pedro Kaled, por sua vez, desenhou e qualificou os suportes de quatro antenas do equipamento, enquanto Cristiano Queiroz integrou a equipe de montagem.
"Toda foto do satélite que vejo, fico procurando para tentar ver os suportes que eu desenhei e instalei. É muito emocionante saber que uma coisa que eu fiz está no SGDC, que vai ajudar as pessoas em todo o País", disse Kaled.
"Tive esse contato direto com o satélite, foi uma experiência diferente por realmente ver e trabalhar para que ele ficasse pronto. Atuar na montagem dá uma visão diferente, de acompanhar o satélite tomando forma. Ver o resultado final, como o SGDC realmente pronto, é muito gratificante", contou Queiroz.
Para o presidente da AEB, José Raimundo Braga Coelho, a transferência de tecnologia decorrente do SGDC fortalece o Programa Espacial Brasileiro. "Os benefícios desse intercâmbio são imediatos. Os próximos satélites que construiremos serão desenvolvidos por pessoal nosso, capacitado durante a construção do SGDC. Isso coloca o Brasil em uma boa posição", ressaltou.
Lançado nesta quinta-feira (4) a partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana, o SGDC é o primeiro satélite geoestacionário brasileiro de uso civil e militar. Adquirido pela Telebras, possui uma banda Ka, que será utilizada para comunicações estratégicas do governo e para ampliar a oferta de banda larga no País, especialmente nas áreas remotas, e uma banda X, que corresponde a 30% da capacidade do satélite, de uso exclusivo das Forças Armadas.
Com 5,8 toneladas e 5 metros de altura, o satélite ficará posicionado a uma distância de 36 mil quilômetros da superfície da Terra, cobrindo todo o território brasileiro e o Oceano Atlântico. A capacidade de operação do SGDC é de 18 anos.