O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reiterou há pouco a importância das reformas estruturais para a atração do capital privado, doméstico e estrangeiro, para financiamento de obras de infraestrutura e outros investimentos de longo prazo. De acordo com ele, investimentos de longo prazo demandam duas condições: retorno adequado aos investidores e previsibilidade.
"Isso é algo que as atuais regras de investimentos em infraestrutura permitem", disse o ministro acrescentando que a Taxa de Retorno Interna (TIR) agora é definidas por regras de competição justas, transparentes e que permitem o investidor ser remunerado sem necessidade de subsídios do governo.
Além da remuneração, de acordo com Meirelles, a economia tem que ser previsível. "Isso é, a regra que determina a concessão tem que ser previsível em um prazo longo. Para isso as reformas fundamentais são necessárias porque a grande razão da volatilidade da economia estava na questão fiscal. As despesas públicas e a dívida subiam de forma exagerada e isso de tempos em tempos trazia uma crise que elevou a taxa de juros", disse o ministro.
Para reverter este quadro, com queda da taxa de juro estrutural e atrair investimentos, de acordo com Meirelles, é preciso que sejam aprovadas as reformas. Quanto à reforma da Previdência, Meirelles disse esperar que ela seja aprovada na Câmara ainda neste mês e o mais rápido possível no Senado.
Meirelles disse ainda que não há nada decidido ou programado no momento sobre alta de impostos no Brasil, mas com a evolução da situação fiscal, se for necessário, haverá elevação de tributos. "Nosso compromisso é atingir a meta de resultado primário", afirmou ele, destacando que hoje o horizonte do governo é atingir esta meta apenas com corte de despesa.
Sobre o resultado do IPCA divulgado nesta quarta, Meirelles afirmou que é um sinal de que a inflação está reagindo também ao ajuste fiscal. "Em uma situação de incerteza, os formadores de preços tendem a aumentar o preço mesmo que a demanda esteja baixa, para poder se defenderem", disse ele. Com o ajuste fiscal, há queda das expectativas de inflação porque os formadores de preço tendem a aumentar menos os preços.
"Estamos saindo de uma recessão, Portanto não se justifica o nível de inflação que o País tinha antes, que era resultado dos desequilíbrios da economia", ressaltou Meirelles. Perguntado sobre o ritmo de corte de juros pelo Banco Central, Meirelles voltou a afirmar que um ministro da Fazenda não deve interferir nos assuntos da autoridade monetária. "É um Banco Central técnico, competente e que sabe o que faz."
Meirelles afirmou que a expectativa do governo é que o desemprego comece a cair a partir do segundo semestre. "O emprego reage com uma certa defasagem em relação à atividade econômica", disse ele a jornalistas após fazer palestra no Congresso de fundos de investimento da Anbima.
O ministro da Fazenda mencionou que quando a atividade econômica começou a piorar, no final de 2014, o desemprego ainda estava muito baixo, e só começou a se deteriorar com mais força em 2015 "O ideal seria começar a reagir imediatamente, é o desejo de todos. Mas a economia tem que primeiro voltar a crescer."
A boa notícia, afirmou Meirelles, é que a economia voltou a crescer. "Já cresceu no primeiro trimestre e este crescimento está se disseminando no segundo trimestre", disse ele. "Chegaremos ao final do ano crescendo bem. Esperamos entrar em 2018 com ritmo de crescimento de 3% ao ano."