Em meio à fraqueza da atividade, os economistas do mercado financeiro passaram a projetar corte de 1 ponto porcentual da Selic (a taxa básica de juros) no fim de julho. É isso o que mostra a abertura dos dados do Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira (17), pelo Banco Central. Atualmente, a Selic está em 10,25% ao ano. Até a última semana, a projeção era de corte de 0,75 ponto porcentual.
Conforme as projeções mais recentes, após o corte de 1 ponto neste mês, a Selic cairá 0,50 ponto em setembro e 0,50 em outubro. Em dezembro, pelas expectativas, a taxa básica cairá mais 0,25 ponto porcentual, atingindo 8,00% ao ano. Isso representará o fim do ciclo.
O grupo das cinco instituições que mais acertam projeções de médio prazo - o chamado Top 5 - seguiu projetando um corte de 1 ponto porcentual da Selic em julho, de 10,25% para 9,25% ao ano. Até duas semanas atrás, a mediana do Top 5 apontava um corte de 0,75 ponto porcentual, para 9,50% ao ano.
Se confirmado, o corte de 1 ponto porcentual significará a manutenção do atual ritmo adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. No encontro do fim de maio, o colegiado havia ponderado que, em função do cenário básico e do balanço de risco, uma "redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado hoje deve se mostrar adequada em sua próxima reunião".
Na época, o mercado entendeu que a mensagem apontava para uma redução do ritmo em julho, para corte de 0,75 ponto porcentual. O principal fator para isso seria a crise política, que coloca em risco o andamento das reformas no Congresso.
Desde então, porém, os dados divulgados mostraram uma recuperação ainda incipiente para a atividade econômica e, ao mesmo tempo, a inflação sob controle. Em junho, o IPCA apontou deflação de 0,23%. Já o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) de maio recuou 0,51% em relação a abril.
Este cenário tem feito alguns economistas retomar a aposta de que, no encontro de julho, o Copom promoverá corte de 1 ponto porcentual da Selic.
A abertura dos dados também revela que as instituições financeiras seguiram projetando uma inflação de 4,25% em 2019. Este porcentual é calculado desde o início de abril deste ano, sem alterações.
Na última semana de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu uma meta de 4,25% para a inflação em 2019 - justamente o que está projetado no Focus. A margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (inflação de 2,75% a 5,75%).
A abertura dos dados do Focus mostrou também a projeção de inflação de 2020 em 4,00%. Este porcentual está em sintonia com a meta de exatos 4,00% para o ano. Na prática, o Focus indica que o mercado financeiro acredita que o BC conduzirá a inflação de 2020 para este patamar, como propôs o CMN.
Para 2021 - horizonte mais distante contemplado pelo Focus -, os economistas projetam inflação de 4,00%.
Na abertura dos dados do Focus, os economistas alteraram a projeção de recuo do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2017 ante o mesmo período de 2016, de 0,20% para 0,14%.
No mês passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados do PIB no primeiro trimestre deste ano: houve queda de 0,4% ante o mesmo período de 2016 e avanço de 1,0% ante o quarto trimestre do ano passado. Já o BC informou na última sexta-feira, 14, que seu Índice de Atividade (IBC-Br) cedeu 0,51% em maio ante abril, com ajuste sazonal, e avançou 1,40% em maio ante maio do ano passado, sem ajuste.
O Sistema de Expectativas do Mercado, atualizado nesta segunda-feira pelo Banco Central, não traz as projeções das instituições para o PIB na margem - ou seja, para o segundo trimestre de 2017 ante o primeiro trimestre deste ano.