A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada na manhã desta terça-feira (12) indicou que a projeção para o IPCA de 2017 no cenário de mercado está em 3,3%. Já a projeção para 2018 é de 4,4%. Estes são os mesmos valores citados no comunicado que acompanhou a decisão do colegiado, na semana passada. Na ata anterior, de agosto, a projeção para 2017 era de 3,6% e para 2018 de 4,3%.
As projeções do cenário de mercado levam em conta taxas de juros e câmbio variáveis, apuradas pela pesquisa Focus do BC. Nos últimos meses, a instituição tem dado maior ênfase justamente às projeções do cenário de mercado. Na visão do BC, o cenário de referência, que utiliza juros e câmbio fixos, teria perdido relevância porque o ciclo atual é de queda de juros. Na ata divulgada agora, assim como nas anteriores, o BC não informou as projeções no cenário de referência.
No caso do cenário de mercado, as projeções indicam que o BC caminha para o cumprimento da meta de inflação projetada para este e o próximo ano. O centro da meta para cada um dos anos é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (inflação entre 3% e 6%).
No Relatório de Mercado Focus publicado nesta segunda-feira (11) as instituições financeiras projetaram inflação de 3,14% em 2017 e de 4,15% em 2018.
Na semana passada, ao reduzir a Selic em 1 ponto porcentual, de 9,25% para 8,25% ao ano, o BC indicou que "as condições econômicas permitiram a manutenção do ritmo de flexibilização monetária nesta reunião".
Preços administrados
O Banco Central elevou a expectativa de alta dos preços administrados - as tarifas públicas controladas pelo governo - em 2017. A ata do Copom indica que a previsão para o índice neste ano passou para 7,5%, ante os 6,6% expressos na ata do encontro anterior, divulgada em agosto. No caso de 2018, a expectativa do Copom para os preços administrados foi na trajetória contrária e caiu para 5,2%, ante expectativa de 5,3% verificada na ata anterior.
O Relatório de Mercado Focus desta segunda indicou que a estimativa para 2017 no mercado financeiro é de elevação de 6,43% dos administrados. Para 2018, a expectativa está em 4,70%.
Estas previsões para os preços administrados ajudaram a formar a base para que o colegiado cortasse na semana passada a Selic de 9,25% para 8,25% ao ano. Foi a oitava redução consecutiva da taxa.
O BC voltou a pontuar na ata que as condições econômicas permitiram a manutenção do corte da Selic em 1 ponto porcentual. "Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária. Além disso, nas mesmas condições, o Comitê antevê encerramento gradual do ciclo", cita o documento.
No comunicado do encontro, divulgado na quarta-feira passada (6), o colegiado já havia defendido esta ideia. O comitê retomou ainda, no documento de hoje, uma ideia contida em divulgações anteriores: a de que o ritmo de cortes "continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".
O BC reafirma ainda, na ata, que "a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural". "O processo de reformas, como as recentes aprovações de medidas na área creditícia, e de ajustes necessários na economia brasileira, contribui para a queda da sua taxa de juros estrutural. As estimativas dessa taxa serão continuamente reavaliadas pelo Comitê", acrescentou o BC.