O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, afirmou à Agência Estado que não há discórdia entre o banco, o governo e o TCU em relação ao pedido de devolução antecipada, pelo BNDES, de R$ 180 bilhões aos cofres públicos. "Não sou discordante, sou pensante. Se eu estivesse discordante, não poderia estar no governo", disse após participação no IV Encontro Paulista de Economistas, em Santos (SP).
Para ele, o País está desabituado a um embate normal de ideias sobre temas que são, por natureza, controversos. Em sua opinião, seria irresponsável não discutir a devolução antecipada de um "caminhão de recursos". "Ninguém tem medo do debate. Daqui até o final do ano o governo vai se manifestar, junto com o TCU, e o BNDES vai obedecer. É uma discussão saudável."
Durante palestra, Rabello criticou as acusações de que o banco vinha oferecendo taxas subsidiadas à indústria, discussão que teria surgido com o agravamento dos problemas de endividamento público. "Não existe subsídio a industrial coisa nenhuma, isso é uma estupidez. O banco pega o dinheiro a TJLP, mas ele empresta a TJLP mais juros e devolve esses juros quando ganha dividendos e paga impostos como banqueiro para esse mesmo governo que emprestou. Portanto, devolvemos o porquinho gordinho. Eles fingem que o porquinho tem o mesmo peso, mas o porquinho engordou", concluiu.
Após as críticas, o presidente do BNDES aliviou o tom e elogiou o trabalho do governo e do Banco Central na redução da taxa de juros. Em sua avaliação, a queda da taxa Selic já aponta um cenário mais positivo para o próximo ano. "Estamos nos preparando para arremeter em 2018, não precisamos esperar 2019", disse.
Rabello, que se filiou ao PSC no início deste mês, rechaçou uma eventual candidatura nas eleições presidenciais de 2018. "A única candidatura em discussão hoje é a lançada pela imprensa", afirmou.