O fortalecimento generalizado do dólar no mercado internacional foi acompanhado à risca no Brasil e a moeda norte-americana voltou a subir nesta quinta-feira, 8, recuperando os níveis dos R$ 3,26 no mercado à vista. A expectativa pelo anúncio de medidas protecionistas nos Estados Unidos permeou os negócios durante todo o dia, gerando aversão ao risco e busca por proteção. Incertezas quanto à política monetária na Europa também estiveram no radar e geraram enfraquecimento do euro, reforçando a alta do dólar também ante moedas de países emergentes e exportadores de commodities.
Trump marcou para as 17h30 (de Brasília) o anúncio da nova tarifação da importação do aço e do alumínio, confirmando os porcentuais de 25% e 10%, respectivamente. Também como esperado, afirmou que México e Canadá serão excluídos da sobretaxação, no caso do fechamento de um acordo sobre o Nafta com esses países. No entanto, Trump disse que "o processo será muito justo com países que nos tratam bem", deixando aberta a possibilidade de negociação individual com outros países, como o Brasil.
No momento do anúncio do presidente americano, os negócios no mercado à vista já estavam encerrados no Brasil. Assim, a divisa terminou o dia cotada a R$ 3,2619, em alta de 0,57%. No mercado futuro da B3, onde os negócios se encerram às 18h15, o dólar para liquidação em abril teve uma aceleração da alta, renovou máximas e fechou aos R$ 3,2750, com ganho de 0,71%.
"O dia foi desestabilizado por essa expectativa com Trump. Os mercados foram às compras para se preparar para o anúncio do presidente, mostrando forte preocupação com as medidas", disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
Galhardo também destacou a influência das incertezas relacionadas à Europa como fator de pressão sobre o câmbio. Mais cedo, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou comunicado de política monetária com alterações que geraram volatilidade e, por fim, desvalorizaram o euro. O comunicado retirou uma menção à possibilidade de elevar o montante do programa de compra de bônus, caso o cenário piore. O presidente da instituição, Mario Draghi, reafirmou sua preocupação com a trajetória fraca dos preços. "O quadro da inflação não mudou muito", admitiu ele. "Um amplo grau de estímulo monetário continua a ser necessário."