O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, afirmou que, embora a pauta da estatal tenha sido "atropelada" na última semana pela greve dos caminhoneiros, os trabalhos para a venda das seis distribuidoras seguem nas prioridades do governo. A jornalistas, o executivo avaliou que o momento pede "paciência", já que o País enfrentou uma semana atípica. "O governo tem que definir prioridades, fez, e na minha avaliação, fez bem. Agora, obviamente, reconhecendo a importância do trabalho da Eletrobras, da privatização das distribuidoras, vai caminhar de forma alternativa para chegar no mesmo fim."
Sobre a perda de validade da Medida Provisória 814, que destravava a privatização das distribuidoras da estatal nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Alagoas e Piauí, Wilson Ferreira afirmou que o conteúdo da MP relacionado às distribuidoras está apreciado em um projeto de lei que está, agora, na Casa Civil. Se o PL for votado em regime de urgência, como foi estabelecido, o presidente da Eletrobras acredita que o cronograma atual de venda das distribuidoras não será afetado.
A Eletrobras está autorizada a operar as seis distribuidoras até o dia 31 de julho - depois esse prazo, elas serão liquidadas, caso não sejam vendidas. "Estamos entrando em junho, se recebermos as contribuições do Tribunal de Contas da União (TCU), o edital pode fazer com que sejam vendidas um mês depois, no começo de julho. É possível que tenhamos que fazer ajuste para continuar operando elas um tempinho para fazer a liquidação da operação e a transferência definitiva para o novo operador", comentou.
Conforme noticiado pelo Broadcast, o TCU deve aprovar nesta quarta-feira, 30, o edital de privatização das distribuidoras. O órgão controlador avalia que os principais riscos à privatização das distribuidoras foram resolvidos.
O maior problema é em relação à Amazonas Energia que, para ser vendida, precisa concluir o processo de desverticalização das operações de geração e transmissão e cedê-las à Amazonas Geração e Transmissão.
O edital deixará claro que as condições de venda pressupõem que o pré-acordo firmado entre Eletrobras e Petrobras seja integralmente cumprido.
O presidente da Eletrobras avaliou que as seis distribuidoras da estatal que deverão ser vendidas são ativos ainda mais atrativos que a Eletropaulo - cuja disputa acirrada pelo controle acionário já evidencia o apetite existente hoje no mercado de distribuição, comenta o executivo. "Nossos negócios têm mais vantagem em relação a uma operação como a da Eletropaulo, porque elas são ineficientes, há um valor a ser criado pela reestruturação", disse a jornalistas após participar de evento em São Paulo.
A concorrência pelo controle da Eletropaulo foi marcada por aumentos de preços por parte das duas empresas habilitadas, a italiana Enel e a Neonergia, controlada pela espanhola Iberdrola De acordo com o presidente da Eletrobras, a Eletropar (subsidiária da estatal) aproveitará o leilão da Eletropaulo para vender sua participação na distribuidora paulista - que é "irrelevante", aponta Wilson Ferreira.
E o cenário para a venda da participação da Eletrobras nas sociedades de participação específica (SPEs) é ainda mais positivo, afirma o presidente da estatal. São negócios "bem financiados" e que já estão performando e gerando dividendos - ou seja, quase não há risco. "E são em setores como eólico e transmissão, que estão consagrados com boa regulação", acrescenta.
A Eletrobras irá vender sua participação em 70 sociedades de participação específica (SPEs) - em 64, a participação é minoritária, o que deve naturalmente atrair o interesse dos sócios já envolvidos nesses negócios. Para o presidente da estatal, as SPEs devem atrair investidores estratégicos e financeiros. "Vemos grande interesse de fundos de investimentos (...) Acredito que pode ter competição e, portanto, ágio."