Depois de dois dias de queda, o dólar voltou a subir nesta terça-feira (18) com o mercado de câmbio aguardando a divulgação da próxima pesquisa Ibope de intenção de votos para presidência da República, que será divulgada na noite de hoje. O dólar à vista terminou cotado em R$ 4,1442, com alta de 0,36%. Operadores ressaltam que o dia no mercado externo mostrou um dólar misto e pouco contribuiu para ditar o ritmo dos negócios aqui. A moeda norte-americana caiu ante alguns emergentes, como México, África do Sul e Rússia, mas subiu nos países mais fragilizados, como Argentina e Turquia.
"O mercado passou o dia em compasso de espera pela pesquisa do Ibope", afirma o diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer. As mesas de operação vão olhar com lupa o desempenho dos dois primeiros candidatos, os índices de rejeição e os cenários para o segundo turno, ressalta ele. Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) aparecem nas primeiras colocações nos últimos levantamentos.
Pela manhã, o dólar chegou a subir e bater máxima, a R$ 4,1503, mas desacelerou em seguida e passou a oscilar perto da estabilidade até perto do fechamento, quando voltou a subir. Na mínima do dia, foi a R$ 4,1198.
Uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch divulgada hoje, feita com gestores internacionais, mostra que aumentou a expectativa de que dificilmente o dólar deve terminar o ano abaixo de R$ 3,80 e cresceu a aposta - para 37% dos entrevistados, ante 17% do levantamento anterior - que a moeda deve ficar acima de R$ 4,00 em dezembro. Em maio, 80% dos investidores previam o real abaixo de R$ 3,80 no fim deste ano.
Ao mesmo tempo, os investidores ouvidos pelo BofA estão divididos sobre o que o Banco Central deveria fazer para lidar com o câmbio mais pressionado: 40% acham que não deveria fazer "nada", enquanto 29% dizem que a autoridade monetária deveria "elevar juros", 15% acreditam que vender swap de forma discricionária é a melhor solução e perto de 8% acham que deveria vender reservas.
Em sabatina hoje, o economista Mauro Benevides Filho, um dos principais assessores econômicos na campanha presidencial de Ciro Gomes (PDT), defendeu a criação de um comitê para definir intervenções no dólar, nos mesmos moldes do que o Comitê de Política Monetária (Copom) faz para os juros. "Estas intervenções precisam ser melhor equacionadas. Não faz sentido um cara, sozinho, definir o rumo do câmbio com US$ 120 bilhões em swaps cambiais", declarou o economista. "O Copom tem uma atuação bem clara e definida, pautada por critérios técnicos. É isso que queremos levar ao câmbio", complementou.