O dólar teve novo dia de volatilidade nesta quarta-feira (26), mas acabou engatando queda após o final da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e terminou em baixa de 0,93%, a R$ 4,0344 - a menor cotação desde 20 de agosto (R$ 3,9571). Os juros foram novamente elevados nos Estados Unidos, mas a sinalização pelos dirigentes do Fed de que as novas altas virão de forma gradual fez o dólar cair para a mínima do dia, a R$ 4,01.
A moeda americana também caiu ante outros emergentes, como México, Turquia e África do Sul. A nova pesquisa eleitoral do Ibope foi aguardada com ansiedade na parte inicial dos negócios, mas acabou não afetando os preços do dólar ao mostrar um cenário parecido com o levantamento anterior, com a consolidação nas primeiras posições das candidaturas de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
A percepção nas mesas de operação nos últimos dias de um segundo turno polarizado entre Bolsonaro e o candidato petista vem fazendo os investidores comprados em dólar, ou seja, que apostavam na alta da moeda, a reduzirem suas posições, avalia o operador e sócio fundador do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. Com isso, o dólar, que chegou a bater em R$ 4,20 no dia 13, vem caindo e já acumula desvalorização de 2,5% no mês. A preocupação agora do mercado é mais como vai se desenrolar o segundo turno, ressalta ele.
Apesar desse quadro de relativa calmaria na política, Laatus não acredita que há um cenário neste momento capaz de levar o dólar abaixo de R$ 4, patamar que não rompe desde 20 de agosto. "O ambiente ainda é muito incerto", afirma ele. Além das dúvidas sobre quem será o vencedor, se Haddad ou Bolsonaro, há a incerteza sobre os rumos da agenda de reformas a partir de 2019, que pode sem bem diferente no caso do petista ou do militar reformado.
Já a decisão do Fed de elevar novamente os juros e ainda sinalizar novo aumento este ano e mais três em 2019 foi inicialmente bem-recebida por Wall Street. A maior novidade da reunião foi o Fed retirar a palavra "acomodatícia" do comunicado do encontro. "O fato mais notável do comunicado foi não o que ele contém, mas o que ele não diz e o que foi removido", afirma o economista do banco canadense BMO, James Marple, se referindo à retirada da palavra "acomodatícia" e ao fato de o texto não mencionar riscos comerciais, vindos da tensão entre China e a Casa Branca. Para ele, o mercado interpretou a remoção da expressão como uma postura "dovish", ou seja, conservadora e cautelosa na elevação dos juros.