Dólar fecha abaixo dos R$ 4 pela primeira vez desde 20 de agosto

Cotado a R$3,9973, o dólar sofreu queda de 0,92%
Estadão Conteúdo
Publicado em 27/09/2018 às 19:25
Cotado a R$3,9973, o dólar sofreu queda de 0,92% Foto: Foto: AFP


Influenciado principalmente pelo movimento de investidores estrangeiros e por um cenário eleitoral melhor desenhado para o segundo turno, o câmbio fechou abaixo dos R$ 4 pela primeira vez desde 20 de agosto. O dólar encerrou esta quinta-feira (27) cotado a R$ 3,9973, queda de 0,92%.

Com um exterior mais favorável, os estrangeiros aos poucos têm mudado suas posições em dólar no mercado futuro: de comprada para vendida. A mudança na aposta evidencia uma confluência de fatores, entre eles a tendência de gradualismo na elevação dos juros nos Estados Unidos, apontada ontem pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), e uma aposta na negociação de um acordo entre China e Estados Unidos para evitar uma nova majoração de alíquotas sobre produtos importados, aponta o operador da Hcommcor Corretora, Cleber Alessi Machado Neto. "Com isso, de modo geral, o mercado está mais disposto a risco. E mercados mais voláteis reagem com mais intensidade a essa busca por risco, como Brasil e Turquia, por exemplo", diz.

Cenário eleitoral

Além disso, há uma percepção de que as incertezas internas foram suavizadas nos últimos dias, com um cenário mais bem delineado para o segundo turno: de uma disputa entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Os operadores apontam ainda que o mercado já "digere" melhor o candidato petista, que tem dado sinalizações ao centro.

Nessa perspectiva, citando riscos eleitorais menos "assimétricos", o Bank of America Merrill Lynch melhorou a recomendação de bônus da dívida brasileira para "média do mercado" ("marketweight").

"As pesquisas têm se repetido e levam Bolsonaro e Haddad para o segundo turno. Isso proporciona mais calma no ambiente político. E hoje houve um fluxo estrangeiro positivo. Fluxo positivo em calmaria derruba o dólar", pondera o diretor da Correparti, Jefferson Rugik.

Favorável a outros países

Os estrategistas da Icatu Vanguarda ressaltam em nota que "alguns fluxos de final de mês e trimestre, alguns rebalanceamentos de carteiras, aliados a percepção de preços e 'valuations' mais atrativos em algumas classes de ativos", estão ajudando o mercado em direção a um movimento mais positivo, não somente no Brasil, mas em outros emergentes.

Contribui ainda para o movimento do câmbio o fechamento da última Ptax do mês, amanhã, que também será a última do terceiro trimestre. "Agora, quem quer Ptax baixa tem encontrado um cenário externo melhor", disse Machado Neto. 

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