O dólar à vista fechou a segunda-feira (12) em alta de 0,57%, a R$ 3,7598. As mesas de câmbio seguem monitorando as declarações e os passos do presidente eleito Jair Bolsonaro, mas nesta segunda, dia de fraca liquidez no mercado local por conta do feriado nos Estados Unidos, as cotações foram principalmente influenciadas pelo mercado externo. O dólar subiu ante a grande maioria das moedas de emergentes e países exportadores de commodities, com uma das raras exceções ficando com a Rússia. No México, o dólar subiu 1% perante o peso mexicano, um dos principais pares do real no mercado internacional de moedas.
O nome do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy foi confirmado para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e agradou ao mercado, mas não foi suficiente para influenciar os preços. Operadores ressaltam que o mercado quer ver o nome de quem vai comandar o Banco Central e os próximos passos da reforma da Previdência.
"Acho que Bolsonaro terá que entregar rapidamente reformas tangíveis logo após ele ser empossado", destaca ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o economista-chefe para mercados emergentes em Londres da Capital Economics, William Jackson. Ele ressalta que Levy agrada ao sinalizar que Bolsonaro está comprometido com o ajuste fiscal e com uma política econômica ortodoxa. Para os analistas do banco francês BNP Paribas, se o nome de Ilan Goldfajn não for confirmado no BC, seria "crítico" para Bolsonaro colocar um nome "com credenciais de mercado igualmente fortes para reforçar a confiança dos agentes".
Enquanto o mercado aguarda os próximos nomes, a Continuum Economics, a consultoria do economista Nouriel Roubini, vê chance de o dólar encostar em R$ 3,80 caso o mercado externo piore. Desde a última quinta-feira, o dólar tem se fortalecido no exterior após a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizar que vai seguir elevando os juros. Na máxima do dia nesta segunda, a moeda foi a R$ 3,7621.
Entre os próximos eventos que podem mexer com o dólar no exterior, o presidente do Fed, Jerome Powell, fala na quarta-feira (14). No mesmo dia será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, seguido pelas vendas de varejo, na quinta-feira (15), e produção industrial, na sexta (16). Essa agenda reforçou o tom de cautela no mercado, disse um operador. Por conta do feriado do dia do veterano nos EUA, com o mercado de bônus fechado, a liquidez aqui e no mercado internacional foi fraca. No mercado futuro, o giro fechou em apenas US$ 10,7 bilhões, a metade de um pregão com bom volume.