SÃO PAULO – O processo de transformação digital das empresas é urgente e quem ainda não fez está muito atrasado. É o que defendem especialistas da área de tecnologia. Segundo eles, inclusive, o desafio das corporações não é mais estar no ambiente digital, mas sim se manter disponível em tempo integral, mantendo a segurança dos seus dados (e dos clientes), além de aprender a explorar esses ativos para alavancar negócios.
Na opinião do professor de segurança da informação na Unisinos-RS, Leonardo Lemes, a transformação digital agrega valor aos empreendimentos, mas, principalmente, altera modelos de gestão e aumenta a eficiência das corporações. "A partir do momento que as empresas estão digitais, o grande ativo delas são os dados. Por isso é preciso saber lidar com um volume enorme de informações, com segurança e rapidez, fazendo análises que geram lucro", afirmou Lemes, que também é sócio da Service IT Security.
Qualquer momento de indisponibilidade é uma grande prejuízo financeiro. O usuário não quer esperar
Pierre Lucena, presidente do Porto Digital
Para o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, um case de sucesso de empresa que conseguiu entender o novo mercado pelo viés digital é a rede Magazine Luiza. A empresa fez o processo de transformação digital e hoje deixou de ser apenas um varejista para se tornar um forte negócio de e-commerce. "O valor das ações dessa rede multiplicaram e muito na Bolsa de valores", analisou. Lucena diz ainda que, a partir da entrada das empresas no ambiente digital, os consumidores têm se tornado mais exigentes. "É preciso estar sempre online. Qualquer momento de indisponibilidade é uma grande prejuízo financeiro. O usuário não quer esperar", comentou.
No entanto, de acordo com uma pesquisa divulgada este mês pela Veeam Software, líder em soluções de backup que entregam Gerenciamento de Dados na Nuvem, 73% das organizações admitem não atender às demandas dos usuários por acesso ininterrupto a dados e serviços. Essa falha na disponibilidade pode custar à empresa cerca de US$ 20 milhões por ano. A boa notícia é que o mesmo estudo mostra que as organizações estão agindo para combater isso. Cerca de 72% das empresas já estão adotando tecnologias para proteção desses ativos digitais.
Elder Jascolka, country manager da Veeam no Brasil, alerta para os riscos de não proteger e analisar os dados. "Da mesma forma que o petróleo, se não for bem tratado, você não extrai nada de valor dele, acontece com os dados. Se você não sabe onde ele está, se não faz o gerenciamento deles, não usufrui dele, também não extrai valor para seus negócios", afirmou Jascolka. Ele ainda fez outra analogia: "Softwares que fazem backup e protegem esses dados são como seguro de carro. Você pode escolher não ter, mas tem que estar preparado para os prejuízos que um acidente ou roubo podem lhe causar", complementou Jascolka.
O especialista em proteção de dados Leonardo Lemes pontua até mesmo que, em tempos de negócios digitais, a disponibilidade dos sistemas pode ser alvo de ataques por parte dos concorrentes como forma de prejudicar o desempenho das empresas. "Houve o caso de um cliente que trabalha com o ramo de luto. Às vésperas do Dia de Finados o site dele foi atacado apenas com o objetivo de mantê-lo indisponível. Assim, os clientes que acessariam a página para comprar produtos não conseguiriam. Isso geraria um prejuízo enorme", contou Lemes.
Por causa de tamanha conectividade, falar sobre o poder econômico dessas informações é necessário. Na última década, a quantidade de dados gerados foi enorme e estima-se que até 2025, geraremos mais de 175 Zettabytes de dados por ano. Esse movimento fez o governo brasileiro a criar uma legislação que pretende gerenciar o uso desses ativos e proteger os usuários do mal uso de tais informações por parte das corporações. Por esse motivo, o tema da Lei Geral de Proteção de Dados tem sido amplamente discutido pelas empresas brasileiras.
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) – nº 13.709/2018, promulgada em agosto do ano passado, começa a valer em agosto de 2020. Quando entrar em vigor, as empresas só poderão coletar, armazenar ou tratar os dados das pessoas físicas com a autorização do chamado “titular dos dados”, ou seja, os indivíduos aos quais se referem os dados pessoais.
Evento discutiu as penalidades para quem não cumprir a LGPD |
Para atender essas regras, as empresas terão que realizar processos internos para mudar a gestão que fazem dessas informações. No entanto, especialistas da área alertam que as corporações não estão preparadas para essa mudança. Vale ressaltar que aquela que infringir a lei sofrerá multas correspondentes a 2% do seu faturamento bruto e os valores podem chegar a R$ 50 milhões.
Na corrida por soluções para esse assunto, no entanto, a maior parte das empresas brasileiras parecem estar ficando para trás. Pesquisa divulgada este mês pela Serasa Experian 85% das companhias afirmaram que ainda não estão preparadas para garantir os direitos e deveres em relação ao tratamento de dados pessoais previstos na LGPD. A maioria pretende estar pronta em até um ano.
Outro resultado importante é que 72% das companhias com mais de 100 funcionários pretendem contratar uma pessoa de mercado especializado, uma consultoria ou assessoria para atender essa demanda. Tal informação ajuda a justificar o motivo das corporações brasileiras pretenderem investir, em média, US$ 73 milhões, nos próximos 12 meses, em Gestão Inteligente de Dados.
Com 12 anos no mercado, a Veeam Software iniciou seus negócios com soluções para backup de dados para as empresas. Hoje, a empresa suíça ampliou seus negócios e oferece gestão de dados na nuvem. Recentemente anunciou que alcançou um faturamento de US$ 1 bilhão anual. Os números vislumbram o quanto as corporações têm investido na segurança de dados, sejam seus ou dos clientes.
O mercado crescente impulsionou, inclusive, a empresa a instalar seu primeiro escritório no Brasil. Localizado em São Paulo, o negócio emprega 25 pessoas. Embora a empresa já prestasse serviço a clientes brasileiros desde 2012, a chegada do escritório reforça o relacionamento. Além disso, a Veeam trouxe para terras brasileiras o VeeamON Forum, evento mundial que a empresa promove anualmente nos EUA e que aconteceu em São Paulo no dia 13 de agosto.
A Veeam realizou seu primeiro fórum no Brasil e atraiu cerca de 500 pessoas a evento em São Paulo |
No Brasil, a empresa tem mais de dois mil clientes, como Unimed Ribeirão Preto, Termomecânica, SuperVia, Megamed, Pneumáticos, Usina Ferrari. A Veeam conta ainda com com 1,2 mil parceiros no País.