Depois da frustração nas negociações com a Samsung e em meio à incerteza sobre quem será o novo sócio, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) terá ao menos uma boa notícia a comemorar. O petroleiro João Cândido, primeiro navio construído pelo empreendimento, seguirá para a prova de mar na próxima quinta-feira, dia 29. A embarcação sairá para os testes quase 2 anos depois de ter sido batizada e lançada ao mar, numa cerimônia que contou com a presença do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em maio de 2010. O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, disse na quarta (21), no Rio, na posse da nova diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, que espera receber o navio ainda em abril.
Esta semana será decisiva para o petroleiro. Nesta quinta começam os preparativos para a saída da embarcação, com o início do enchimento dos tanques para navegação e a conclusão de todos os tanques de carga. No próximo dia 26 ele fará os testes de inclinação, ainda no cais de acabamento do EAS, em Suape. "O teste movimenta pesos a bordo para calcular os indicadores de estabilidade", explica o pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Floriano Pires Júnior.
O especialista brinca que, do ponto de vista da segurança, não existe perigo de o navio afundar. "A empresa classificadora, o armador (a Transpetro, que é a compradora do navio) e representantes do estaleiro participam da prova de mar. O que pode acontecer é que não sejam atendidos os requisitos do contrato. Mas aí é possível fazer os ajustes antes da entrega do navio", observa, dizendo que os testes duram até 15 dias.
Em dezembro, primeira data prevista para a realização da prova de mar, o comandante do navio Carlos Augusto Müller, disse que os testes seriam realizados em mar aberto, entre a costa do Recife e a de Natal, numa profundidade de pelo menos 90 metros. O navio sai tripulado com cerca de 40 pessoas entre profissionais do estaleiro, observadores da Transpetro e representantes dos principais equipamentos que serão testados.
A prova vai avaliar a velocidade máxima alcançada pelo petroleiro, potência do motor, consumo de combustível, raio de manobra e parada brusca, além de outros pontos. "Como o navio sem carga não tem estabilidade, os chamados tanques de lastro são cheios com água. Além disso, também é preciso fazer testes de condições do calado (profundidade do porto) para a saída do petroleiro", reforça Floriano.
O João Cândido é um petroleiro Suezmax com capacidade de carregar e transportar 1 milhão de barris de petróleo. Sem consultoria adequada da Samsung Heavy Industries (SHI) e enfrentando problemas de gestão, o navio apresentou uma série de problemas nos sistemas de vapor, água e óleo, nas interligações das tubulações e na casa de bombas. No ano passado, a embarcação precisou voltar ao dique seco para ajustes e foi negociada com a SHI a vinda de 40 coreanos para ajudar nos reparos.
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