No mês de abril, o contingente de desempregados na Região Metropolitana do Recife (RMR) foi estimado em 246 mil pessoas, o equivalente a 13,3% da chamada População Economicamente Ativa (PEA), atualmente em 1,850 milhão. O dado é resultado da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada pela Secretaria de Micro e Pequena Empresa, Trabalho e Qualificação (SEMPETQ), Agência Condepe/Fidem e Dieese.
De acordo com a PED, foram registrados 5 mil desempregados a mais em um mês. A taxa de desocupados sobre a chamada PEA saltou de 12,9% em março para os atuais 13,3%. Em relação ao mesmo período do ano passado, a taxa teve um recuo de 0,8%.
Segundo a pesquisa, a principal causa do resultado negativo foi a eliminação de 27 mil postos de trabalho em relação ao mês anterior, o que representa uma redução de 1,7%.
Em relação ao mesmo período de 2014, houve uma redução de 12 mil postos. “Só no setor de serviços, foram 18 mil postos de trabalho a menos. Quem lidera é o ramo de alojamento e alimentação, que estava tão bem durante a Copa, no ano passado”, conta o coordenador da PED/RMR, Jairo Santiago.
Apesar das demissões em massa no setor da construção, o ramo fechou o mês com um saldo positivo. “Mesmo com a desmobilização em Suape, temos mil postos a mais na construção, porque engloba assalariados e autônomos. Metade do setor é formada por pedreiros, que também trabalham como autônomos em pequenas construções”, explica Santiago.
O número de inativos – que corresponde à parcela da População em Idade Ativa (PIA) que não está ocupada ou desempregada - também aumentou em um mês de acordo com a PED. Foram registrados 25 mil pessoas a mais, o que representa um aumento de 1,7% em relação a março. Em um ano, foram 49 mil inativos a mais, um crescimento de 3,3%. Ainda segundo o coordenador, o crescimento da taxa de desemprego tem um efeito sazonal. “Não dá para responsabilizar apenas o governo e os ajustes fiscais. Muitas obras têm prazo de validade, e é comum, no primeiro trimestre, termos indicadores menos favoráveis e indicadores melhores no segundo. Mas, ainda assim, acredito que esse ano vai ser um ano difícil.”
Para a coordenadora do Sistema PED, Lúcia Garcia, o aumento da taxa no início do ano é típico do País. “Nos primeiros meses, a força de trabalho cresce em um ritmo mais acelerado do que as oportunidades de trabalho. Esse movimento é tradicional e faz com que a taxa aumente. Só depois de uma conjuntura mais clara é que as empresas passam a contratar.”
AMEAÇA
A divulgação dos dados da PED de abril só foi possível graças a recursos emprestados por centrais sindicais. A falta de verba está ameaçando a continuidade da pesquisa, que produz indicativos importantes, como a inserção dos negros e mulheres no mercado.
De acordo com funcionários, a situação é precária: falta luz, água, vale-alimentação e passagem, por exemplo. Segundo uma pesquisadora, que preferiu não se identificar, a PED de maio corre o risco de não ser finalizada por falta de recursos e materiais.
Por meio de nota, o deputado Waldemar Borges, líder do governo, informou que “as despesas referentes à pesquisa são rateadas pelo governo do Estado e o governo federal, na base de 2/3 e 1/3, respectivamente, e que a parte de Pernambuco está rigorosamente em dia, o mesmo não ocorrendo com os recursos de Brasília, que não são repassados desde o fim do ano passado”. Até o fechamento da edição, o Ministério do Trabalho não se pronunciou sobre o assunto.