Consórcio é alternativa para fugir dos juros

Modalidade de compra tem taxas fixas e é ideal para quem não tem pressa de adquirir um imóvel ou veículo
Anna Tiago
Publicado em 15/06/2015 às 9:00
Foto: NE10


Em tempos de restrição ao crédito e alta dos juros do financiamento, a venda de consórcios vem ganhando espaço no mercado. Mesmo com o bolso apertado, os consumidores veem nessa modalidade de compra uma oportunidade para adquirir um imóvel ou veículo. Os números comprovam: segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), o sistema registrou um crescimento de quase 9% de participantes no final do primeiro quadrimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2014. 

O consórcio é baseado na união de pessoas, físicas ou jurídicas, em grupos, com a finalidade de formar poupança para a aquisição de bens móveis, imóveis ou serviços. Nesse sistema, o valor do bem ou serviço é diluído em um prazo predeterminado com uma taxa de administração fixa, e todos os integrantes do grupo contribuem ao longo desse período. Mensalmente, ou conforme estipulado em contrato, a administradora os contempla, por sorteio ou lance, com o crédito no valor do bem ou do serviço contratado, até que todos sejam atendidos.

Pela quarta vez consecutiva neste ano, foi batido o recorde histórico de consorciados. Em abril, foram registrados 6,4 milhões. O acumulado de vendas do setor de imóveis atingiu 65,5 mil novas cotas, contra 54,7 mil no primeiro quadrimestre de 2014, o que representa um crescimento de 20%. No setor de veículos leves, o aumento foi de 7,4%, apontando 318 mil novas adesões neste ano, sobre 296 mil no ano passado.

De acordo com o gerente regional da Caixa Econômica Federal (CEF), João Carlos Sá Leitão, Pernambuco apresentou um crescimento de 20% nas vendas de consórcio de janeiro a maio, em comparação ao mesmo período do ano passado. A quantidade de clientes deu um salto de 15%. “O consórcio já era uma boa opção no passado, quando a inflação estava alta. Como os juros voltaram a um patamar preocupante, muitas pessoas estão querendo fugir do financiamento”, explica o gerente. 

Ainda de acordo com ele, só durante um fim de semana do feirão de imóveis da Caixa, realizado em abril, foram comercializados R$ 12 milhões em consórcio. “Os consumidores começaram a enxergar outras formas de compra. Os financiamentos continuam ativos, mas as pessoas estão preferindo guardar recursos ou investir em consórcios”, pontua.

No Banco do Brasil (BB), o crescimento em relação a consórcios foi de 126% até maio, em comparação com o mesmo período do ano passado. A instituição vem apostando em novidades para essa modalidade de compra. "Estendemos o prazo de automóveis para 84 meses e criamos cotas para aquisição de bens não poluentes e com foco em sustentabilidade, como bike elétrica, placa solar e equipamentos para reuso de água", conta o diretor executivo da BB Consórcios, Paulo Ivan Rabelo.

O Bradesco também registrou um crescimento de cotas ativas no primeiro quadrimestre. “Tivemos um aumento de 14% e, até abril, contabilizamos mais de um milhão de consorciados”, revela o diretor de consórcios do banco, Maurício Maciel. 

Segundo ele, os clientes que têm condições de aguardar um pouco mais para adquirir um bem estão avaliando o consórcio como a melhor opção. “Por não ter uma taxa de juros além da taxa administrativa, o consórcio está sendo um grande diferencial no aspecto de conscientização do consumidor, estimulando a educação financeira ao comprar de uma forma planejada”, ressalta.

O economista e professor da Faculdade Boa Viagem (FBV) Alexandre Moura só vê desvantagem nessa modalidade de compra no caso de o consumidor ter pressa em adquirir o bem. “O consórcio é uma forma de poupar. Em um período de consecutivos aumentos de taxa de juros, ele se mostra uma decisão interessante, já que o bem não necessariamente acompanha o aumento dessa taxa”, lembra.

Outra vantagem da modalidade é a chance de negociar descontos. “Em uma concessionária, por exemplo, a carta de crédito é vista como um pagamento à vista, o que possibilita mais poder de barganha”, diz.

Confira simulação realizada pelo Canal do Crédito a pedido do JC:

Infográfico

Taxas de consórcio

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