Diante do impasse entre credores e acionistas no maior processo de recuperação judicial do País, o presidente da Oi, Marco Schroeder, defendeu a conversão imediata de parte da dívida de R$ 65 bilhões em participação acionária para os credores, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A intenção é reduzir o endividamento da tele para cerca de R$ 20 bilhões e também o peso dos débitos em relação à geração de caixa, medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda).
Em termos de alavancagem, a empresa espera chegar a uma dívida de 2,5 vezes o Ebitda, contra o índice atual de 6 vezes. "Quanto menos alavancada a empresa estiver, menos vulnerável (ficará na consolidação)", disse Schroeder. A consolidação do setor de telecomunicações, com a redução do número de grandes teles para três, em vez das atuais quatro, depende da reestruturação da Oi.
Para o presidente da operadora, é preciso avançar na negociação com os credores, que não andou desde o pedido de recuperação judicial, em junho. A nova proposta deve ser colocada à mesa no início de 2017, para que o plano seja aprovado ainda no primeiro semestre.
Essa não é a primeira vez que se levanta a possibilidade de a tele trocar dívidas por ações. Antes da recuperação judicial, Bayard Gontijo, ex-presidente da Oi, havia tentado esse caminho com os detentores de títulos da empresa (os "bondholders"). À época, porém, a maior acionista individual da tele - a portuguesa Pharol, com 22% das ações - foi contra a ideia.
O próprio Schroeder admitiu que convencer os credores a aderir à ideia não será fácil. "A discussão será a que preço se dará essa diluição, tem que ser algo atrativo para os credores, mas também para os acionistas que terão que aprovar. Para a empresa, sem dúvida, é bastante benéfico, mas não são negociações fáceis", frisou.
O plano de recuperação prevê a conversão de até R$ 32,33 bilhões da dívida em 85% do capital. Pela proposta, os credores receberiam títulos que podem ser convertidos em papéis da empresa somente após três anos da homologação do plano. Porém, a Oi pode resgatar os papéis antes desse prazo e evitar a entrega da participação.
A companhia anunciou ontem, em comunicado, que contratou uma nova assessoria financeira para ajudá-la na formulação da proposta aos acionistas - a empresa Laplace Finanças vai substituir a PJT Partners na função.
Pressa. Com a urgência em converter a dívida em ações e aliviar seu balanço, a Oi quer garantir a manutenção de seus investimentos. "Se, em dois anos, eu investir menos do que meus competidores, estou fora do jogo", disse Schroeder, que pretende ter um valor "um pouco superior" aos R$ 4,5 bilhões de 2016 para investimentos no ano que vem.
Embora a companhia tenha a opção de se reestrutura atraindo dinheiro novo - haveria, segundo fontes, pelo menos três interessados (leia mais no texto ao lado) -, a visão de Schroeder é que a conversão de dívida em participação seria o caminho mais rápido.
"A proposta que coloco agora pode ser mais simples. Chamo o credor, pago parte da dívida e entrego equity (ação). Se o credor quiser, pode depois vender os papéis. É um processo mais fácil", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.