Mercado de caminhões bate recordes de vendas

No acumulado do ano de janeiro a agosto segmento cresceu quase 41%, bem acima da venda de automóveis
Edilson Vieira
Publicado em 21/09/2019 às 8:47
No acumulado do ano de janeiro a agosto segmento cresceu quase 41%, bem acima da venda de automóveis Foto: Foto: divulgação


IRACEMÁPOLIS (SP) - De olho na Fenatran, a maior feira de transportes rodoviários da América Latina, que acontece no próximo mês de outubro, em São Paulo, os fabricantes de caminhões já preparam novidades para o mercado.
A Mercedes-Benz que é líder de vendas no segmento, com cerca de 32% de market share, apresentou em sua fábrica de Iracemápolis, interior paulista, a nova linha Actros, de caminhões extra pesados. “Estamos numa curva de crescimento no Brasil, puxado sobretudo pelo agronegócio que, com a reação na economia, começou a renovar as frotas que já estavam com mais de sete anos de uso”, diz Ari de Carvalho, diretor de marketing e vendas de caminhões na Mercedes-Benz do Brasil.
O Actros se destaca pelo uso intensivo de tecnologia semelhante aos veículos alemães da marca. O caminhão se utiliza de dados de inteligência artificial, algoritmos e conectividade para buscar uma melhor eficiência. “Com o uso do piloto automático preditivo é possível ao caminhoneiro fazer uma longa viagem controlando apenas o volante do caminhão", diz Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas.

"Freio, câmbio e aceleração são determinados pelos sistemas automáticos que usam GPS e radar para ler a rota e a topografia da estrada e ainda evitar colisões, mantendo sempre uma distância pré-determinada e segura do veículo à frente. Os sensores são capazes até de perceber se o motorista apresenta sinais de fadiga e dispara alarmes sugerindo uma parada”. Roberto Leoncini reforça que todos esses sistemas vêm de série no veículo.
Outro recurso curioso é o sistema que detecta a presença de pedestres à frente do veículo em movimento. Até 60 km/hora, se o motorista estiver distraído e não esboçar nenhuma reação, o caminhão vai frear automaticamente, evitando o atropelamento. Indagado se tanta tecnologia será assimilada pelo caminhoneiro brasileiro, Leoncini afirmou: “Queremos atender a todos os perfis de transportador. Tanto o inovador quanto o conservador”. A nova linha Actros ainda não tem preço definido. As vendas começam em janeiro de 2020 e as primeiras entregas estão previstas para abril do próximo ano.

MERCADO

Enquanto o mercado de automóveis patina no Brasil, o de caminhões acelera forte. Os carros acumulam um crescimento nas vendas de janeiro a agosto deste ano de 8,91%, se comparado ao mesmo período do ano passado, mas a queda nas vendas de 3,91% no mês de agosto último acende o sinal amarelo em relação ao desempenho do mercado até o final de 2019. Enquanto isso, o emplacamento de caminhões registrou aumento de 40,92% (de janeiro a agosto deste ano comparado com o mesmo período de 2018). Só no mês passado, foram comercializados quase 29% a mais de caminhões, se comparado a agosto de 2018. Os números são da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), que reúne mais de sete mil concessionárias de veículos, no Brasil. Este segmento correspondendo a 4,51% do Produto Interno Bruto do País.

Os números positivos se confirmam quando se olha para as operações de financiamento. O Banco Mercedes-Benz encerrou o período de janeiro a agosto de 2019 com crescimento de 45% no volume financiado em comparação ao mesmo período de 2018. O volume total atingiu R$ 3,456 bilhões, contra R$ 2,387 bilhões em 2018. Este valor engloba automóveis, vans, caminhões e ônibus da marca. “O crescimento do mercado de caminhões foi o principal responsável pelo aumento no volume de novos negócios, representando metade desse montante. Neste segmento o banco cresceu 77% nos primeiros oito meses do ano, somando R$ 1,747 bilhão contra R$ 986 milhões registrados no mesmo período em 2018”, afirmou Christian Schüler, presidente do Banco Mercedes-Benz.

Schüler revela que 60% destes financiamentos são da modalidade CDC. “A queda nas taxas de juros, hoje abaixo dos 0.70% ao mês, tem contribuído com a demanda”, diz o executivo mas a área de vendas acredita que o volume de unidades comercializadas pode melhorar com a retomada da economia. “Se você olhar o mercado de caminhões, 24% das vendas são para o agronegócio. Outros 20% vem da construção civil e infraestrutura, Já a maior parte, quase 60%, é a demanda do comércio, do varejo”, explica Ari de Carvalho, diretor de marketing e vendas de caminhões na Mercedes-Benz do Brasil. Ari espera que quando os setores de construção civil e de infra estrutura começaram a despertar, gerando empregos e, consequentemente, consumo, os setores ligados a logística e ao varejo também comecem a alavancar as vendas de caminhões “Enquanto o agronegócio é muito forte no Centro-Oeste, varejo e logística são setores fundamentais no Nordeste. Somos fortes na Região, mas esperamos que esta seja a próxima área de expansão do nosso mercado”, diz Ari de Carvalho.

O jornalista viajou a convite da Mercedes-Benz

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