Refinaria vai começar a processar petróleo em Suape

Entenda como é feito o refino de petróleo
Adriana Guarda
Publicado em 31/08/2014 às 8:00
Entenda como é feito o refino de petróleo Foto: Guga Matos/JC Imagem


No dia 4 de novembro a Petrobras promete começar a processar, oficialmente, os primeiros barris de petróleo na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. Na próxima quarta-feira atraca no Porto de Suape o navio nº 1 trazendo óleo bruto para iniciar os testes de refino na unidade. Maior e mais caro empreendimento da história pernambucana (orçado em US$ 20 bilhões), a Rnest era um sonho acalentado desde a década de 50, quando o padre francês Louis Lebret esteve por aqui para elaborar um plano de desenvolvimento para o Estado. Ao longo de 8 anos de construção, a megaobra enfrentou um turbilhão de problemas. Ao entrar em operação, a unidade vai contribuir para o aumento da capacidade de refino do País.

A Abreu e Lima é a 14ª refinaria construída pela Petrobras no Brasil e a primeira depois de um longo intervalo de 34 anos sem inaugurar uma nova planta. Hoje o País tem capacidade de refinar 2,1 milhões de barris por dia e faz projeção de alcançar 3,3 milhões em 2020 para atender ao ritmo de crescimento da demanda. A expansão do refino vai permitir um melhor suprimento do mercado brasileiro de derivados. As regiões Norte e Nordeste, por exemplo, dependem da importação.

A refinaria pernambucana terá capacidade para processar 230 mil barris de petróleo por dia. Desse total, 70% será destinado à produção de diesel. O restante vai se transformar em outros derivados como gasolina, gás liquefeito de petróleo/GLP (o gás de cozinha), nafta, querosene, coque e combustível marítimo (bunker). A pedido do JC, o professor-doutor dos cursos de Engenharia Química e Engenharia do Petróleo da Faculdade Boa Viagem/DeVry, Leonardo Maciel, explicou como se dá o processo de refino do petróleo. O processo se divide em três etapas: destilação, conversão e tratamento

“Tudo começa no porto, com a chegada dos navios trazendo óleo cru (no caso da Rnest, da Bacia de Campos, no Rio). Por meio de oleodutos o petróleo é conduzido para dentro da refinaria, onde fica armazenado em grandes tanques. O processo de refino propriamente dito se inicia na unidade de destilação atmosférica. O petróleo é aquecido a 370ºC evapora e a partir dessa evaporação vai de transformando em derivados, de acordo com condições de pressão e temperatura”, observa. Depois das etapas de conversão e tratamento, os derivados são armazenados em tanques específicos para cada produto e seguem para o mercado na maioria das vezes por transporte rodoviário.

A Rnest foi construída com tecnologia para processar petróleo pesado, mais vocacionado à fabricação de produtos como diesel e coque. O petróleo leve se transforma em produtos de maior valor agregado, como óleos leves, querosene e gasolina. A Abreu e Lima se destaca por trazer a tecnologia de redução do teor de enxofre no óleo diesel. “Para reduzir os níveis de poluição atmosférica, o mercado internacional exige baixos teores. O Brasil produzia diesel com 500 partes por milhão (ppm) de enxofre, mas agora já tem tecnologia para fazer entre 10 e 50 ppm dentro dessa refinaria”, comemora.

No desenho da Abreu e Lima estão projetados dois trens de refino. É que o empreendimento é construído como se fosse duplicado. São duas unidades de destilação atmosférica, duas de coqueamento retardado, duas de hidrotratamento de diesel, duas de hidrotratamento de nafta, duas de geração de hidrogênio e duas de abatimento de emissões. Cada trem é um conjunto completo de cada uma dessas unidades. Em novembro começa a operar o primeiro trem (a primeira metade) e em maio de 2015 está previsto o início do funcionamento do segundo trem.

Veja vídeo feito pela TV PUC para a Agência Nacional de Petróleo clicando aqui 

 

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