Futuro da Novartis em Pernambuco segue indefinido

Planta não deverá mais fabricar vacinas. Decisão das autoridades da empresa deve ser anunciada nos próximos meses
Raissa Ebrahim
Publicado em 17/10/2014 às 5:30
Planta não deverá mais fabricar vacinas. Decisão das autoridades da empresa deve ser anunciada nos próximos meses Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Com as obras previstas para serem finalizadas no primeiro semestre de 2015, a planta da Novartis em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, ainda tem destino incerto. Há seis meses, quando anunciou a venda da divisão de vacinas para a britânica GlaxoSmithKline (GSK), a multinacional suíça disse que iria rever a utilização do ativo em Pernambuco. Do valor de R$ 1 bilhão em investimentos, cerca de R$ 800 milhões são de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os planos iniciais para a fábrica local de biotecnologia previam a produção de proteínas recombinantes para vacina contra meningite B – era com esse fim que a planta estava sendo erguida. Apesar de o acordo com a GSK não envolver o ativo no Estado, a Novartis decidiu rever o futuro do empreendimento aqui. Na imprensa nacional, circula a informação de que a companhia estaria à procura de interessados para assumir a unidade. 

Em nota, a suíça informa que o negócio com a GSK foi um acordo em escala mundial incluindo também o Brasil e que está em revisão pelas autoridades antitruste de vários países. “Esperamos um posicionamento dessas autoridades nos próximos 6 a 9 meses”, diz o material enviado pela assessoria de imprensa e assinado pelo presidente da Novartis Brasil, Adib Jacob.

“Nesse período, alguns investimentos e atividades na fábrica estão em espera, o que não significa que o projeto venha a ser interrompido, mas permitirá o correto ajuste na configuração da planta quando tivermos mais clareza do seu direcionamento dentro dos próximos meses”, frisa a nota.

Segundo a companhia, a construção da planta, que permanece sob tutela da Novartis, continua, não tendo interferência por causa da reestruturação. A empresa não comentou sobre possíveis novos investimentos para readequação de estrutura, equipamentos e tecnologia, que devem acontecer a depender do novo destino da produção local.

A reportagem esteve no local da fábrica na semana passada e confirmou o andamento das obras. Procurada, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico preferiu não se posicionar sobre o assunto, sob o argumento de que se trata de um assunto interno da empresa e, por isso, o Estado não deveria se envolver. O Ministério da Saúde, com o qual a Novartis estava em conversas no primeiro semestre para decidir o futuro em Pernambuco, também acredita que a decisão diz respeito somente à companhia. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) informou que corre normalmente o curso de pós-graduação em fabricação de medicamentos, bancado, a um custo de R$ 2 milhões, pela Novartis.

RELEMBRE

O projeto de trazer a Novartis para Pernambuco foi negociado há seis anos com o ex-presidente Lula e anunciado pelo então secretário de desenvolvimento econômico Fernando Bezerra Coelho. Seria a segunda âncora do Polo Farmacoquímico de Goiana. Posteriormente, a Novartis desistiu do terreno junto à Hemobrás e transferiu o investimento para Jaboatão, num terreno próximo à Vitarella, na BR 101. A expectativa é que o investimento seja o primeiro grande destaque do Nordeste na área de biotecnologia. Os planos iniciais colocariam o Brasil em posição privilegiada na produção de componentes para elaboração de uma vacina revolucionária contra meningite B, chamada Bexsero.

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