A expectativa do comércio de contratar menos vendedores temporários para essa época de fim de ano é a batida do martelo que comprova o quanto 2014 não está sendo bom para o setor. E a previsão vale para o cenário tanto nacional quanto local. Embora a perspectiva seja contratar 17 mil novos profissionais na Região Metropolitana do Recife (RMR) – o que pode impressionar alguns – o número é 15% menor quando comparado ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL Recife). A estimativa também não é das melhores para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE). A instituição ainda não divulgou números oficiais, mas informou à reportagem que o setor local deve crescer no período apenas 1% no País ante o mesmo intervalo de 2013, e adiantou que divulgará uma pesquisa entre os dias 17 e 20 deste mês.
O fraco movimento nas lojas este ano foi motivado por fatores como greve de ônibus e da Polícia Militar, protestos e a realização da Copa do Mundo, de acordo com avaliação do presidente da CDL Recife, Eduardo Catão. “Tudo isso impediu que as pessoas saíssem de casa para comprar”, explica, lembrando que até a tragédia com o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também interferiu no setor. “As pessoas ficaram em casa, chocadas com o que havia acontecido”, conta.
“Nesse momento, depois de manifestações e greves, a desconfiança dos empresários continua por causa do cenário econômico. Estamos com uma inflação alta, os produtos estão caros e as pessoas estão adiando sua decisão de compra”, avalia o diretor-executivo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), Oswaldo Ramos. Nos últimos 12 meses, a inflação somou acúmulo de 6,75%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Eu começava a contratar funcionários temporários em setembro, mas até agora não contratei ninguém. E, daqui para o fim do ano, não sei se vou
diz a gerente de uma loja do Recife, Fátima Araújo
Além da expectativa de uma contratação menor, o cenário de incerteza está motivando os empresários a retardar a admissão de novas pessoas. “Eu começava em setembro, mas até agora não contratei ninguém. E, daqui para o fim do ano, não sei se vou”, afirma a gerente da Vitória Fashion, localizada no Centro do Recife, Fátima Araújo. No ano passado, a loja contratou seis pessoas para dar conta do aumento no movimento. Na loja Tribos, na mesma região, a gerente Alcione Ramos diz que, no ano passado, foram contratadas cerca de 90 pessoas em todas as unidades da rede. “Para este ano serão somente 60 a 70”, estipula.
Imune a tudo isso esteve a unidade da Figueiras Calçados, na Rua Nova, também no Centro. Segundo o gerente Edivar Domingos, ele não tem do que reclamar. “Não fui afetado em nada. Eu queria outra Copa”, brinca. Para a loja, foram contratados 20 funcionários no ano passado, segundo ele. “Pretendemos chamar 25 para esta temporada”, prevê. Na unidade, já trabalham seis pessoas de forma temporária. Uma delas é Vanelly Rodrigues, contratada na segunda-feira. “Estou em treinamento durante 90 dias. Se eu tiver um bom desempenho, eu posso ficar de forma fixa”, avalia. Hipótese não descartada pelo gerente, que entrou na unidade como funcionário temporário em 2003.
Oswaldo Ramos adiantou que a Fecomércio-PE está realizando uma pesquisa que vai mostrar a análise de cerca de 6 mil empresários e consumidores da RMR, do Agreste e do Sertão do Estado. “Queremos saber como avaliam 2014, a expectativa para as compras do Natal e o que esperam de 2015”, resume.
Leia a íntegra na edição deste domingo (02) do Jornal do Commercio