Recife pode ganhar um Fab Lab. Conheça o projeto

Laboratório de ponta para prototipagem é uma espécie de espaço de coworking com máquinas. "Um lugar onde se pode fazer quase tudo"
Raissa Ebrahim
Publicado em 16/11/2014 às 0:05
Laboratório de ponta para prototipagem é uma espécie de espaço de coworking com máquinas. "Um lugar onde se pode fazer quase tudo" Foto: Divulgação


Parte do Parque Santana, na Zona Norte do Recife, pode se transformar numa espécie de laboratório de ponta de prototipagem de ideias. Está em andamento um projeto para transformar o local num Fab Lab, uma plataforma internacional de visitação, experimentação, negócios e formação. “Um lugar onde se pode fazer quase tudo”, ancorado na ideia do “do it yourself” (“faça vocês mesmo”, em português). 

O Fab Lab é um programa educacional do Centro de Bits e Átomos do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Um laboratório composto basicamente por máquinas de fabricação digital, ferramentas eletrônicas e softwares. E o principal: por pessoas.

No Recife, o Fab Lab, um investimento previsto de R$ 1,5 milhão, está sendo implantando numa parceria entre a Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Turismo e Lazer, a Fundação Gilberto Freyre e o C.E.S.A.R. 

Mais de 200 Fab Labs em 30 países se conectam através de uma grande rede de compartilhamento. O do Recife será o sexto a entrar em operação no Brasil.

“Nosso foco é usar tecnologia com interatividade. A ideia é transformar o Parque Santana num celeiro de tecnologia e projetos experimentais”, afirma o secretário de Turismo e Lazer, Camilo Simões. Segundo ele, a pasta encabeça o projeto, mas outras secretarias estão envolvidas, como Educação e Meio Ambiente. 

Dois parques no Recife estão atualmente no guarda-chuva da Secretaria de Turismo e Lazer: Santana e Macaxeira. 

O projeto prevê que oito containers ocupem 380 m² do Parque Santana, criando uma espécie de “coworking com máquinas”. Lá as pessoas poderão materializar suas criações utilizando equipamentos como cortador a laser, cortador de vinil, fresadora e impressora 3D. Qualquer pessoa terá acesso ao maquinário, não precisa ser designer nem ter noções de programação.

Uma estilista, por exemplo, poderá testar cortes de tecido para uma próxima coleção. Ou um estudante poderá desenvolver, digamos, protótipos de uma bicicleta com estrutura em madeira. A regra é que o limite seja a imaginação.

O Fab Lab também possui equipe para orientar no uso das máquinas. Será preciso levar apenas o insumo, a matéria-prima do que se quer prototipar. Outra opção será comprar na lojinha de insumos que também será montada no parque. A ideia é que se pague em torno de R$ 3,00 por minuto no uso da cortadora a laser ou por cm³ na impressora 3D. 

“Esse modelo de pagamento ainda está sendo estruturado”, afirma Edgar Andrade, um dos que encabeçam a equipe do Fab Lab Recife. Junto a ele, estão também Vic Fernandez, Gabriela Martins e Henrique Foresti “Mineiro”. Por enquanto, até abril, quando deve entrar em operação no Parque Santana, o laboratório está funcionando em formato soft no coletivo Mói, em Casa Forte, na Rua Ada Vieira, 87. 

Foi montada uma programação de atividades, pagas e gratuitas, com mini workshops temáticos sobre moda, design, eletrônica e robótica, além de happy hours, visitações e bate-papos. Mais informações no Facebook /fablabrecife ou pelo (81) 3314.5390.

REGRAS

O Fab Lab trabalha obrigatoriamente com 40% dos horários de funcionamento no esquema de “open day”, quando as pessoas podem fazer uso do espaço sem qualquer custo e com suporte técnico. Em contrapartida, os processos devem ser compartilhados com todos os Fab Labs do mundo através da rede de comunidades. 

Os outros 60% são utilizados para gerar receita além do patrocínio e das parcerias privadas. Segundo Simões, também está prevista uma porcentagem exclusiva para alunos da rede pública de ensino.

Empresas, governos e instituições de ensino podem solicitar parcerias com o Fab Lab. Em contrapartida ao investimento público que está sendo feito, a equipe do laboratório terá que promover 88 palestras de desmistificação da tecnologia e 38 oficinas, além de entregar quatro protótipos, ainda a serem definidos.

EXPERIÊNCIAS

Todo ano, Fab Labs de todo o mundo se encontram. Em 2014, a conferência, em sua 10ª edição, aconteceu em Barcelona. Em colaboração com a HP Designjet e a Open Source Vehicle (OSVehicle), a turma desenvolveu um “Fab Car”. Um conceito de código aberto girando em torno da concepção de dar às pessoas a capacidade de modificar, personalizar e adaptar o veículo a necessidade específicas em um determinado momento ou lugar. O trabalho uniu três Fab Labs para desenvolver a proposta ao longo de três meses, num trabalho remoto de desenvolvimento: Garagem Fab Lab, (São Paulo) , Fab Cafe Tóquio e Fab Lab Manchester.

Para mostrar que é possível até fazer uma casa de verdade, um Fab Lab em Madri, na Espanha, montou a Fab Lab House. Ela foi toda desenhada como peças de quebra cabeça, cortados no laboratório e, em seguida, montada. O trabalho, premiado, foi resultado de parceria com várias empresas privadas e o Instituto de Arquitetura Avançada da Cataluña.

 

 

 

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