11 mil pessoas desistiram de procurar emprego na RMR

Os resultados de novembro da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), do IBGE, trouxeram um novo número em relação ao nível de desemprego na Região Metropolitana do Recife: 6,8% . O resultado mostra estabilidade em relação a outubro (+0,1 ponto percentual) e aumento de 0,3 p.p. sobre novembro de 2013. No entanto, essa manutenção ofusca um dado mais sério: 11 mil pessoas desistiram de procurar emprego nos últimos 12 meses e passaram a ser economicamente inativas.

Segundo o IBGE, que divulgou os dados nesta sexta-feira (19), o setor que criou mais vagas na comparação entre novembro deste ano e o mesmo mês de 2013 foi o de serviços. Com exceção do segmento doméstico, os demais tiveram aumento de contratação: serviços para empresas, educação, saúde, administração pública e outros. As variações deles foram positivas entre 0,4 e 1,2 p.p. Embora não sejam representativas, compensaram setores que registraram queda, como indústria, construção, comércio e serviços domésticos.

METODOLOGIAS - Embora sejam diferentes, os dados do IBGE reforçam a estabilidade apontada pelos números divulgados pelo Dieese na quinta-feira (18). A instituição apontou taxa de desemprego de 12,4%, 0,3 p.p. acima do índice de outubro e 0,1 p.p. sobre novembro de 2013.

Coordenador da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do  Dieese, Jairo Santiago explica que a principal diferença entre as metodologias utilizadas é que o IBGE considera somente o desemprego aberto, enquanto o Dieese também considera o oculto. O aberto é quando a pessoa procurou emprego nos últimos 30 dias. Já o oculto representa o interesse em trabalhar nos últimos 12 meses.

INATIVOS - Outro ponto em que as duas instituições convergem é que seus resultados parecem não ter captado os cortes apresentados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Este deverá ser o primeiro ano em que Pernambuco vai fechar com saldo (admissões menos demissões) negativo. Somente no mês passado, houve 12.007 demissões a mais do que o número de contratações na RMR.

Essa divergência vai muito além de uma opção de metodologia. É um problema social sério. Jairo esclarece que esse descompasso entre o alto número de demissões e a estabilidade da taxa de desemprego ocorre porque a quantidade de pessoas desempregadas caiu.

Segundo os cálculos do Dieese, 11 mil pessoas saíram do contingente da População Economicamente Ativa (PEA), que congrega quem está empregado e quem está procurando emprego. São pessoas que estão preferindo depender de suas famílias, seja porque cansaram de procurar ou porque ser sustentado por parentes tornou-se mais interessante. “Há um custo para se manter procurando emprego, da capacitação à produção para uma entrevista. Elas se desestimulam”, diz Jairo.