A popularização do celular, sobretudo do smartphone, tanto sinaliza um mercado promissor, quanto diz muito sobre o comportamento do brasileiro. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2013 (PNAD), divulgada pelo IBGE, mostra, em seu suplemento de segurança alimentar, que, entre os domicílios com insegurança alimentar grave, 64% têm celular. Na casa dos brasileiros, falta alimentação balanceada, mas não pode mais faltar comunicação, apesar de termos um dos serviços mais caros do mundo, principalmente quando se leva em conta a infraestrutura ainda defasada.
Em outubro, segundo a Anatel, havia 279,35 milhões de linhas ativas na telefonia móvel, ou seja, o Brasil tem mais celular do que gente. Os acessos pré-pagos são maioria, totalizam 76,3% e os pós-pagos, 23,7%. No Nordeste, o pernambucano só não fala mais que o baiano, são quase 13 milhões de linhas ativas em Pernambuco e 18,5 milhões na Bahia. O País é hoje o quarto maior mercado consumidor de smartphones do mundo. Só perde para China, EUA e Índia.
Na opinião do professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) do Rio de Janeiro, Gilberto Braga, “ter mais de um celular por habitante mostra que o brasileiro considera o aparelho um instrumento vital, de tal maneira que se pode ter carência de outras importantes necessidades, como alimentação balanceada, mas não se pode abrir mão do celular”. “Isso mostra a força que as novas mídias têm e a necessidade das pessoas de ter acesso a comunicação e informação”, complementa.
Os números comprovam o gosto nacional pela mobilidade, por meio do uso de redes sociais e pelo hábito de baixar filmes: houve um crescimento de 54% nos serviços de banda larga móvel entre outubro de 2013 e outubro de 2014, o que provocou um salto de 100,8 milhões de acessos na internet para 155,3 milhões, segundo o Sinditelebrasil, que representa as operadoras. Uma pesquisa divulgada pelo SPC Brasil e o portal Meu Bolso Feliz revelou que o gasto médio mensal com conta de celular e internet no Brasil já chega a R$ 104 por mês. Nas classes A e B, a média sobe para R$ 115 e cai para R$ 98 nas classes C, O valor supera o gasto mensal do brasileiro com itens como acessórios (R$ 71), shows, teatro e cinema (R$ 96) e produtos de beleza (R$ 82).
O mais recente levantamento da consultoria IDC Brasil mostra que, no terceiro trimestre, a venda de smartphones bateu mais um recorde – a venda desse tipo de aparelho superou a de celulares comuns no primeiro semestre de 2013. Entre julho e setembro de 2014, foram vendidas cerca de 15 milhões de unidades. Frente o mesmo período no ano passado, o crescimento foi de 49%. O aumento foi de 11% em relação ao segundo trimestre deste ano. Outubro foi o mês com o maior número de vendas de smartphones da história. Foram mais de 7 milhões de aparelhos vendidos e, a título de comparação, apenas 2 milhões a menos do que foi vendido em todo o ano de 2011.
O sistema Android continua disparado na preferência nacional, mas, diferente do que muita gente pensa, o iPhone não é o segundo colocado. De acordo com a pesquisa, o sistema Windows Phone ultrapassou o iOS no País. “Novamente os resultados de vendas superaram nossas expectativas. Os smartphones não foram impactados pelos problemas que afetaram outros mercados, e a tendência é que mais um recorde seja quebrado no próximo trimestre”, afirma Leonardo Munin, analista de pesquisas da IDC Brasil. Para Munin, alguns fatores contribuem para a popularização dos aparelhos, em especial a oferta de aparelhos mais baratos. “No começo de 2011, o preço médio de um smartphone era de R$ 900. No segundo trimestre, caiu para R$ 700 e agora está em R$ 500”, afirmou o analista.