Com as margens de lucro cada vez mais apertadas, as padarias do Estado buscam alternativas para deixar a produção do pãozinho francês menos pesada. O sindicato do setor, Sindipão, informa que, desde janeiro, os estabelecimentos já aumentaram em 10% o preço ao consumidor final. Por conta disso, não há previsão de novos repasses, apesar da pressão do dólar. A moeda americana se valorizou em mais de 20% desde o início do ano e o principal insumo do segmento, a farinha de trigo, é importado.
“Não estamos ainda sentindo o efeito do dólar, porque a maioria fez estoque para se proteger dessa alta. Nossa maior preocupação hoje é com o aumento da energia, previsto para abril”, comentou o presidente do Sindipão, Paulo Pereira. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Pão (Abip), os custos com energia já aumentaram em 34% este ano. O custo de mão de obra também aumentou com a correção do salário mínimo, que passou de R$ 724 para R$ 788, num aumento de 8,8%.
Para se defenderem, muitos estabelecimentos estão mudando a sua forma de produzir. Segundo a Abip, uma nova tendência começa a se estabelecer no mercado, com as padarias especializadas na produção do pão congelado. Esses estabelecimentos conseguem produzir em larga escala e vendem para as padarias comuns, que colocam no forno apenas a quantidade necessária para atender o público, reduzindo o desperdício. Segundo o Sindipão, algumas padarias do Recife já estão adotando o novo formato.
Além disso, as que dispõem de serviço de gás encanado estão trocando a alimentação dos fornos elétricos. As que não dispõem de rede passam a adotar o gás GLP. “O gás é mais viável, mas a matriz é pequena. Os que podem ter o fornecimento já estão mudando”, diz Pereira. Segundo ele, os fornos são preparados para esse tipo de adaptação.