Os telhados têm grande potencial para gerar energia

Eles podem receber sistemas fotovoltaicos que produzem energia solar
Da editoria de economia
Publicado em 19/05/2015 às 8:00
Eles podem receber sistemas fotovoltaicos que produzem energia solar Foto: Bob Fabisak/JC Imagem


Os telhados das residências do Brasil apresentam um potencial para gerar 150 mil megawatts (MW) de energia, enquanto todo o parque instalado no País soma 135 mil MW. Os números são da nota técnica de outubro do ano passado da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que pertence ao governo federal. “Isso significa 2,3 vezes o consumo residencial do País”, diz o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar), Rodrigo Sauaia, acrescentando que esse é um potencial que não pode ser desperdiçado. A energia produzida nos telhados se enquadra dentro do conceito de geração distribuída (ver quadro abaixo) e é apontada como uma das soluções para aumentar a oferta de energia junto com outras fontes que seriam complementares (as hidrelétricas) como Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), térmicas a biomassa, usinas eólicas e solares, entre outras (ver matéria ao lado).

O Brasil começou a se mexer no sentido de estimular a geração distribuída em 2012. A regulamentação pelo governo federal para a implantação desses pequenos sistemas só ocorreu em 2013. No entanto, ainda existem muitos empecilhos no meio do caminho como a cobrança dupla do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS) que ocorre, primeiro, quando o produtor injeta o excesso de energia na rede e numa segunda etapa enquanto ele volta a comprar a energia da distribuidora porque o seu sistema parou de produzir, o que ocorre a noite com os sistemas fotovoltaicos que produzem energia a partir da radiação solar.

Os Estados de São Paulo, Pernambuco e Goiás vão retirar o ICMS da geração distribuída para estimular a implantação de sistemas desse tipo. “O decreto deve sair ainda este mês. Há um projeto para financiar 80% do custo da implantação desses pequenos sistemas para micro e pequenas empresas via Agência de Fomento do Estado de Pernambuco (Agefepe). E estamos fazendo uma articulação para que os 20% restantes sejam financiados com o cartão de um banco federal”, adianta o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões.
O outro problema para a expansão desses sistemas é a falta de financiamento, como diz o diretor da Kroma Energia, Rodrigo Mello.

Atualmente, é insignificante a produção brasileira de geração distribuída, quando comparada com Estados Unidos, Alemanha e Japão. “Esses países estão na frente porque os governos deles fizeram um esforço ativo de investir e fomentar essas tecnologias. O Brasil decidiu estimular esse setor agora que essa energia está mais barata”, argumenta Sauaia. O preço do megawatt-hora (MWh) da energia solar pode ser comercializado por R$ 215,12, enquanto tem termelétrica gerando a mesma quantidade de energia por R$ 800.
Sauaia afirma que se for implantado o mesmo sistema fotovoltaico na Alemanha e no Brasil, o último gera o dobro da energia do primeiro devido à radiação solar que é maior num país tropical.

 

Dono da empresa Salviano Engenharia, Carlos Salviano decidiu implantar um sistema de energia fotovoltaico no telhado do seu escritório na Avenida Visconde de Suassuna, área central do Recife. O sistema tem a potência instalada para produzir dois quilowatts (kW). A conta dele que variava, mensalmente, entre R$ 400 e R$ 500 passou a ficar em R$ 60 por mês. Ele gastou cerca de R$ 23 mil para implantar o sistema com oito placas fotovoltaicas e mais R$ 7 mil para fazer adequações no telhado, porque a casa é da década de 50.
“Estamos investindo para ganhar mercado, porque acreditamos que acreditamos que é uma atividade que vai crescer”, conta. A empresa de engenharia dele é especializada em implantar sistemas fotovoltaicos. “Em 1994, fui fazer um curso na Alemanha e naquela época o governo alemão estava lançando um programa para implantar 1 milhão de telhados solares. Lá tinha um financiamento similar ao Minha Casa, Minha Vida”, recorda.

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