Com o aumento de 3,51% da conta de água, anunciado ontem, o questionamento sobre um problema contumaz da empresa volta à tona: por que ainda é tão alto o percentual de desperdício de água? A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) perde 46,8% de toda a água que trata e distribui. O pior: esse custo é bancado pelo consumidor. Até fevereiro último, a estatal deveria ter reduzido em 2% as perdas para cumprir uma meta estabelecida em 2014 pela Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe), que regula a tarifa da estatal. “O não cumprimento dessa meta fez com que a Compesa perdesse R$ 7 milhões este ano”, explica o diretor de Regulação Econômico-Financeira da Arpe, Hélio Lopes.
“As perdas são altas e os vazamentos são o que mais contribuem para isso”, explica Hélio. Segundo ele, uma perda razoável seria em torno de 30%, patamar próximo ao da Sabesp, distribuidora de água de São Paulo. Nos cálculos da Arpe, a Compesa conseguiria economizar R$ 100 milhões se ocorresse uma diminuição de 15% das perdas.
Agora, de acordo com Hélio, a Compesa terá reduzir 3% das perdas até 2018, quando a empresa passa por outra revisão tarifária, processo similar ao que estabelece o reajuste da tarifa, acrescentando uma remuneração para os investimentos e metas de produtividade, como a redução das perdas.
O diretor de Mercado e Atendimento da Compesa, Rômulo Aurélio de Souza, afirma que a estatal possui dois tipos de perdas. “A provocada pelos vazamentos, que corresponde a 25%, e a aparente, equivalente a 21,8% e formada pela água consumida, mas não faturada, como no caso de ligações clandestinas e casas sem hidrômetros. e não tinha conhecimento de que a Compesa não cumpriu as metas estabelecidas pela Arpe. E argumenta: “Será iniciado, este ano, um investimento de R$ 400 milhões na Região Metropolitana do Recife com a instalação de macromedidores, hidrômetros, troca de redes de distribuição, telemetria e automação das unidades operacionais, entre outras iniciativas, para diminuir as perdas”, conclui.