Quem passa pela Av. Boa Viagem, na Zona Sul, nota a quantidade de placas de “vende-se” nos edifícios. O aumento da oferta é fruto de uma soma de fatores, que vão da crise econômica à artificialidade provocada pelas estratégias de vendas. Alguns proprietários ficaram com o bolso mais apertado e estão em busca de compradores. Outros, que não foram atingidos pela crise, estão vendendo o imóvel antigo para comprar um novo em outro lugar, já que a nobre avenida tem poucos lançamentos. Há ainda os negócios encalhados por conta de preços fora da realidade. As estratégias de alguns corretores também ajudam a aumentar a quantidade de plaquinhas.
Na avaliação do presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis 7ª Região (Creci-PE), Petrus Mendonça, “não adianta mais querer colocar o preço lá em cima. Vai permanecer encalhado”. Ele dá a dica: “Se o apartamento está acima de 90 dias no mercado, provavelmente o preço está acima da realidade”. Para Mendonça, o momento é de compra. O presidente nega que alguns profissionais pratiquem artificialidades.
Mas corretores ouvidos pela reportagem e que preferiram não ser identificados atestam que algumas pessoas colocam várias placas de “vende-se” quando, na realidade, existe apenas um imóvel em oferta. Ou então chegam a colocar o aviso na Av. Boa Viagem e, quando o interessado liga, a oferta, na verdade, é para uma rua adjacente. Vale lembrar que colocar placas em postes é proibido, podendo ser considerado crime contra o patrimônio público.
O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi PE), André Callou, acredita que não há muito espaço para queda de preço daqui para frente na Av. Boa Viagem. “Os valores devem se manter. Não vou dizer que não possa surgir uma oportunidade”, diz. Ele avalia que o local tem um comportamento diferente de outras áreas da cidade, por ter poucos terrenos para construção de novos empreendimentos. O valor do metro quadrado para imóveis mais antigos custa, na avenida, entre R$ 10 mil e R$ 12 mil. Dos poucos novos, pode chegar a R$ 15 mil.
Sobre os preços em geral, o empresário Sérgio Miranda diz que, na prática, há uma estabilidade. “Ainda não começaram a baixar, mas aumentando também não estão.” O que está acontecendo são promoções nos lançamentos e o não repasse do aumento de custos da construção civil para atrair os clientes. Mas, se a economia continuar mal, acrescenta, pode ser que haja uma queda, porque mais gente pode vir a se desfazer dos apartamentos para pagar as contas.