Com orçamentos mais apertados neste ano de crise, muitas famílias começaram a adiar a compra do carro zero-quilômetro, cuja redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foi extinta em janeiro. Esse cenário acabou favorecendo a procura por veículos seminovos, que tiveram um aumento de 39,2% nas vendas entre janeiro e julho, segundo levantamento da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). Essa pode ser uma boa alternativa para economizar, mas o consumidor precisa ficar atento a alguns detalhes para não acabar tendo prejuízo.
“Mesmo com toda a dificuldade da economia, estamos conseguindo vender um pouco melhor que no ano passado. A procura melhorou principalmente para os carros seminovos completos com até dois anos de uso”, explica Alexandre Nunes, sócio do Shopping do Automóvel de Pernambuco, referindo-se ao perfil de automóveis que têm o melhor custo-benefício para esse tipo de situação.
Um carro zero-quilômetro sofre uma desvalorização entre 10% e 15% logo ao sair da concessionária, percentual que pode variar de acordo com a quantidade de quilômetros rodados, tempo de uso, estado de conservação e modelo do veículo, chegando a 20%. São esses alguns dos detalhes que podem garantir que seja feita uma boa compra. Quanto menos rodado e desgastado, melhor o negócio.
Mas como saber se o valor oferecido pelo carro vale a pena? O ideal é mostrar o veículo a um mecânico de confiança antes de finalizar a compra e prestar atenção no manual do carro, onde devem constar informações como revisões e trocas de óleo, por exemplo.
“A venda de seminovos com até três anos de uso foi a que mais cresceu. É a opção que oferece a maior vantagem, já que se costuma oferecer de três a cinco anos de garantia de fábrica, dependendo da montadora. Ou seja, a pessoa leva um carro que não está tão usado por um preço bem melhor e ainda fica acobertado pela garantia”, defende o presidente da Fenauto, Ilídio dos Santos.
Já o presidente da Associação dos Revendedores de Veículos de Pernambuco (Assovepe), Antônio Selva, destaca outra vantagem dos carros seminovos diante dos novos nesse momento. “Este ano começou a valer a obrigatoriedade do airbag e dos freios ABS de fábrica, o que acabou encarecendo ainda mais o carro novo. As lojas estão ganhando de volta os clientes antigos que haviam perdido para os zero quilômetro”, analisa Selva.
As exigências mencionadas pelo presidente da Assovepe começaram a valer em janeiro, cumprindo a medida prevista desde 2009 pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para aumentar a segurança dos passageiros. O acréscimo do airbag e dos freios ABS representaram um aumento de cerca de R$1.500 em carros populares.
Já o fim da redução do IPI fez com que a alíquota passasse de 3% para 7% para os veículos com motor 1.0. Já os carros com motores de potências superiores passaram de 9% para 11% (modelos flex) e 9% para 13% (modelos movidos a gasolina).