Entre os Estados do Nordeste, Pernambuco foi o que apresentou maior número de vagas de trabalho fechadas nos dez primeiros meses deste ano. Foram 70.999 postos de trabalho a menos, segundo os dados do Cadastro Geral do Empregados e Desempregados (Caged). “O Nordeste responde por 21,3% da queima (saldo negativo acumulado) de postos de trabalho no País. Pernambuco sozinho participou com 9% desses postos com relação ao Brasil e com 40,7% dos empregos que deixaram de existir na região”, afirma o economista sócio da Ceplan Consultoria, Jorge Jatobá. No mesmo período, foram fechados 18.942 postos de trabalho no Ceará e 50.247 na Bahia.
Segundo Jatobá, o fechamento desses postos de trabalho no Estado ocorreram devido à desmobilização de Suape – com o término das obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e o postergamento da implantação da segunda linha de produção do empreendimento –, a “Operação Lava Jato que pegou mais forte aqui” e a queda de 30% no estoque de emprego da construção civil, quando se compara outubro último com o mesmo mês de 2014, de acordo com o Caged. “Nesse último percentual também entra a retração do setor imobiliário”, acrescenta. A Lava Jato revelou um esquema de corrupção envolvendo empresários, políticos e diretores da Petrobras. Isso atrapalhou as encomendas locais do setor naval, o que provocou mais desemprego.
O economista concedeu uma palestra na terça-feira (15) no Business Round Up, evento da Câmara Americana de Comércio (Amcham) Recife em parceria com Ceplan Consultoria no Pina. Durante o evento, a Ceplan lançou a XVIII edição da Análise Ceplan, um estudo de conjuntura econômica do Nordeste e do Brasil em 2015 com projeções para 2016.
“O País precisa primeiro resolver o problema político para equacionar a crise econômica, a maior recessão sem paralelo desde os anos 30”, diz. Ele afirma que ocorrerá uma retração de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do País este ano, uma queda de 2% da economia brasileira em 2016 e uma retomada do crescimento em 2017. Ele afirma que a inflação e os juros devem ser menores em 2016.
O economista argumenta que houve um esgotamento do crescimento baseado no consumo das famílias. “É necessário criar um ambiente favorável aos investimentos”, diz, acrescentando que depois que for resolvido o problema político o País deverá ter um ajuste fiscal “crível e viável, gerando poupança para pagar os juros da dívida”. O ajuste fiscal é quando o governo se adequa para gastar menos e, geralmente, arrecadar mais.
“No segundo trimestre de 2015, nenhum Estado do Nordeste ficou de fora da recessão. Pernambuco decaiu menos do que a média do Brasil”, afirma. No primeiro semestre deste ano, o PIB do País caiu -2,1% a preços de mercado (sem a correção da inflação) e o do Estado, -1,1%, comparando com o mesmo período de 2014. A Ceplan não fez projeção do PIB do Estado para 2016.