A tríplice epidemia (de dengue, zika e chicungunha) provocou uma queda na produção para 42,3% das 144 indústrias cujos gestores participaram da Pesquisa Sondagem – Impactos do Aedes aegypti na Indústria Pernambucana realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe). “É com muita preocupação que divulgamos essas informações. As doenças provocadas pelo mosquito estão impactando a indústria, setor responsável por 22% do Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco. Tivemos uma média de 15% de absenteísmo (falta ao trabalho). Isso trouxe prejuízo às empresas e à previdência que não estavam em qualquer orçamento”, diz o presidente da Fiepe, Jorge Côrte Real. No Estado, quase 80% das indústrias consultadas tiveram funcionários afastados por causa das doenças provocadas pelo Aedes aegypti.
A queda da produção ocorreu em função da falta dos empregados ao trabalho, ocorrendo para 29,6% das indústrias da RMR que foram consultadas. No Agreste, esse percentual chegou a 62,5%. A ausência dos empregados pelas doenças também impactou em outro custo: a hora extra para 8,5% do setor fabril da RMR. Ainda no Grande Recife, 92% das indústrias informaram ter funcionários com doenças provocadas pelo Aedes aegypti entre janeiro e 24 de fevereiro últimos. Para 42,7% das indústrias consultadas na RMR, as arboviroses atingiram de 1% a 5% do seu quadro de pessoal.
No Agreste, as doenças provocadas pelo mosquito alteraram a rotina dos funcionários em 87,50% das indústrias consultadas. Lá, cerca de 20% das fábricas tiveram um absenteísmo superior a 50% do seu quadro laboral devido à epidemia. “No Agreste, o impacto foi maior porque as empresas são menores e as doenças atingiram percentuais mais altos de funcionários”, explica o coordenador da pesquisa e gerente do Núcleo de Economia e Negócios Internacionais da Fiepe, Thobias Silva.
Já no Sertão do Araripe, 81,8% das empresas consultadas tiveram parte do seus funcionários impactados pelas doenças, sendo atingidos mais de 50% dos trabalhadores para 18,2% das indústrias. Em decorrência disso, a queda na produção foi indicada por 54,5% das empresas consultadas. A região menos impactada pelas arboviroses na indústria foi o Sertão do São Francisco. Naquela região, o afastamento do trabalho por causa das doenças foi percebido somente por 5,6% dos gestores das fábricas.
O estudo não apontou um prejuízo monetário provocado pelas doenças ao setor, que já está num “momento complicado” por causa do desaquecimento da economia que faz as pessoas comprarem menos. Os resultados da pesquisa serão levados para as autoridades do Estado, segundo Jorge Côrte Real. Ele também informou que o setor vai iniciar uma grande campanha divulgando mais informações que ajudem no combate ao mosquito (ver matéria ao lado).
A pesquisa divulgada ontem usou a mesma metodologia utilizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para fazer mapeamentos de expectativas. Foram entrevistados gestores de 144 indústrias - sendo que 75 delas ficam na RMR e 69 no interior. Das empresas consultadas, 52% estão na Região Metropolitana do Recife; 27,8% no Agreste; 12,5% no Sertão do São Francisco e 7,6% no Sertão do Araripe. Do total de indústrias, 16,1% são micros; 33,6% pequenas; 39,2% médias e 11% grandes.