Queda no valor provoca corrida por dólares no Recife

Lojas chegaram a apresentar filas. Valor oscilou durante o dia entre R$ 3,69 e R$ 3,82
Do JC Online
Publicado em 12/03/2016 às 10:06
Lojas chegaram a apresentar filas. Valor oscilou durante o dia entre R$ 3,69 e R$ 3,82 Foto: Divulgação


A alta na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e o anúncio de novos estímulos monetários na Europa fizeram o dólar comercial voltar a cair e provocaram uma corrida às casas lotéricas ao longo desta semana. A moeda americana fechou ontem a R$ 3,59. Nas casas de câmbio do Recife, podia ser encontrada entre R$ 3,69 e R$ 3,82, provocando filas nas lojas.

“Desde o fim de semana passado o movimento tem sido intenso. Muita gente comprando em pequenas quantidades, principalmente pensando em fazer alguma viagem até o fim do ano – mesmo que não tenha nem passagem marcada”, conta o gerente comercial da Boa Viagem Câmbio, Arthur Maia. As 18 lojas da rede (que vão de Fortaleza até Maceió) têm atendido uma média de 400 clientes por dia. “Comparado com o cenário que tínhamos até alguns meses atrás, é totalmente surreal”, completa Maia.

Aproveitar a baixa do dólar para garantir um estoque da moeda americana mesmo sem ter planos imediatos é um comportamento indicado pelo sócio diretor da Europa Câmbio, Edizio Neto. “Ao comprar dólares em pequena quantidade por um longo período, você garante um valor médio sem se prejudicar muito com as variações”, explica. Como a perspectiva econômica para o País em 2016 ainda não é boa, o empresário afirma que as filas nas lojas não são surpresa. “As pessoas estão sentindo que o momento é bom para a compra e que, muito provavelmente, não vai melhorar num futuro próximo”, conta Neto.

Os protestos a favor do impeachment da presidente, marcados para amanhã, não devem influenciar diretamente a moeda americana, na avaliação do empresário. “Não é um ato isolado, mas o conjunto de ações ocorridas nos últimos dias que impactam a queda do dólar”, afirma. A perspectiva de mudanças na política também tem contribuído para o fluxo positivo de investimentos para o País, em especial à Bolsa, outro fator que motiva a apreciação do real.

“Não dá para ignorar o fluxo de recursos. Tem muito estrangeiro entrando na Bolsa, isso ajuda na valorização dos ativos. Está muito mais forte esse fluxo desde a semana passada”, afirmou Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora. Desde o início do mês, até o dia 8, o saldo de recursos estrangeiros na Bolsa já é positivo em R$ 5,661 bilhões, mais que o dobro dos R$ 2,332 bilhões em fevereiro. Parte desses recursos é de dinheiro novo entrando no País (e não migração de outro tipo de investimento já alocado no Brasil), o que ajuda na valorização do real. 

O cenário externo também ajudou nesse novo recuo do dólar – foi a terceira queda consecutiva. O Banco Central Europeu divulgou novas medidas de estímulo monetário, que devem injetar liquidez nos mercados. Parte desses recursos deve migrar para países emergentes, o que fortalece a moeda dessas economias. O volume de negociações em dólar no País, entretanto, caiu 18,6% no primeiro bimestre deste ano na comparação com idêntico período de 2015. Nos dois meses passados, o volume de transações foi de US$ 355,596 bilhões, ante US$ 436,801 bilhões de janeiro e fevereiro de um ano antes, de acordo com dados do Banco Central.

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