Usuários do Porto do Recife querem realizar obra de dragagem

Empresários se propõem a realizar a obra em troca de descontos de tarifas
JC Online
Publicado em 13/07/2016 às 11:12
Empresários se propõem a realizar a obra em troca de descontos de tarifas Foto: Foto: JC Imagem


Usuários do Porto do Recife começam a se preocupar com a falta de dragagem no terminal. A obra está sendo aguarda pelo menos desde 2012. Atualmente, só os cais de número 3 e 4 conseguem receber navios que precisem de 10 metros de profundidade para atracar. “E isso só ocorre quando há a preamar (maré alta)”, diz o diretor da Navegação e Comércio Guararapes, Ricardo Luiz von Sohsten.

Segundo ele, por enquanto não há prejuízo. “Mas se não houver alguma providência, vamos ter problemas em breve”, alerta. Os setores que serão mais prejudicados, de acordo com o empresário, são os que trazem mais carga em único navio, como é o caso da barrilha, fertilizantes e cevada. 

O Porto do Recife precisa de dragagem constantemente, porque recebe lama e dejetos dos rios Capibaribe e Beberibe. Ainda segundo os usuários, os cais de nº 2 e o de nº 5 já estão assoreados. 

Os Sindicatos dos Operadores Portuários de vários Estados, incluindo o de Pernambuco, entregaram, por escrito, um pedido ao ministro dos Transportes, Maurício Quintella, para que o governo federal definisse regras nas quais os operadores pudessem bancar a dragagem dos portos, descontando o investimento das tarifas portuárias.

“A contratação da dragagem pelos operadores portuários seria mais rápida, teria um custo menor e pontual, aumentando a profundidade somente nas áreas necessárias”, defende o presidente do Sindicato dos Operadores Portuários de Pernambuco, Manoel Ferreira. “A dragagem é um nó em vários portos, incluindo o de Santos”, diz. O porto paulista é um dos maiores do País, sendo responsável por grande parte das exportações brasileiras.

Embora o terminal seja patrimônio da União, a administração do Porto do Recife é feita pelo governo do Estado, contrário à ideia dos operadores. “A responsabilidade de fazer a dragagem no Porto do Recife é da União. A estatal vive com dificuldade, tem encargos do passado – como os funcionários herdados da antiga Companhia Docas – , como é que vai conseguir viver se tiver que custear a dragagem com os recursos da tarifa portuária ?”, questiona o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões. Ele alega que se isso ocorrer vão faltar recursos para cobrir outras despesas da estatal. 

Há mais de dois anos, administração do Porto do Recife licitou uma dragagem, chegando a escolher a empresa que faria o serviço. “Não saiu do papel, porque o recurso não foi repassado pela União”, argumenta Norões. O serviço custaria cerca de R$ 170 milhões.

O Porto do Recife apresentou déficit nas suas receitas por vários anos. No entanto, nos seis primeiros meses deste ano, houve crescimento de 21,2% em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a junho deste ano, a estatal arrecadou R$ 15,7 milhões, contra R$ 12,9 milhões no mesmo período do ano passado. Um dos fatores que contribuíram para o aumento da receita foi o arrendamento de novas áreas, como a do Porto Novo, que “alugou” uma parte do espaço não operacional da estatal para restaurantes, bares e lanchonetes. 

Em termos de carga, o açúcar exportado representa 28,4% da movimentação do Porto e 51,9% vêm da importação de barrilha, fertilizante, malte de cevada e milho.

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