Os preços dos aluguéis do Recife tiveram a maior queda mensal deste ano no último mês de junho, quando houve uma redução nominal de 0,46% em relação a maio. O levantamento realizado pelo FipeZap – que leva em consideração unidades residenciais anunciadas – mostra que o cenário ruim se repete em todo o País. No acumulado dos últimos 12 meses, a queda foi de 5,23% na média de todas as cidades pesquisadas, o pior resultado da série iniciada em 2008.
A variação negativa dos preços é reflexo da alta oferta para locação. “O valor do aluguel se ajusta mais facilmente que o de venda”, resume o coordenador do FipeZap, Eduardo Zilberstein. Ele explica que, com o mercado desaquecido, muitos proprietários não conseguem vender seus imóveis e, sem querer reduzir o preço para atrair compradores, a preferência acaba sendo pela locação, mesmo que mais barata.
É exatamente esse o caso da advogada Erika Becker, que há quatro meses tenta locar sem sucesso um apartamento localizado na Rua Quarenta e Oito, no Espinheiro. “Já baixamos o preço, mas até agora nada. Estamos com vários corretores anunciando, mas poucas pessoas interessadas apareceram. Enquanto isso, temos que arcar com os custos de condomínio e IPTU”, lamenta. Inicialmente ofertada por R$ 2 mil, a unidade de 89 metros quadrados agora é anunciada por R$ 1.700.
Erika reduz o preço do aluguel, mas não pretente colocar imóvel à venda (Foto: Fernando da Hora/ JC Imagem)
A venda não é uma opção para a família da advogada, que acredita que o momento não é favorável e pretende usar o apartamento como renda.
De fato, o valor dos imóveis à venda também tem caído no Recife, ainda que em escala menor que a do aluguel. Segundo o FipeZap, o recuo foi de 0,22% em junho.
“As pessoas seguram o preço com a expectativa de uma nova valorização quando a economia melhorar, mas não esperamos que haja uma nova valorização com as mesmas proporções de oito anos atrás no Recife”, avalia o conselheiro do Conselho Federal de Corretores Imobiliários (Cofeci), Petrus Mendonça.
Sobre quando essa reação do mercado imobiliário acontecerá, o coordenador do FipeZap prefere não arriscar. “Qualquer reação só virá com a melhora do ambiente econômico. É preciso haver uma melhora de diversos outros aspectos”, afirma Zilberstein, que enumera principalmente a oferta do crédito como um dos principais condicionantes.