O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) está analisando a possibilidade de reduzir a vazão mínima do reservatório de Sobradinho, na Bahia. A previsão é de que o lago chegue a 2% do seu volume útil – aquele acima do volume morto – em novembro próximo. “Se isso ocorrer quem está abaixo de Sobradinho terá consequências graves”, diz o presidente da Associação dos agricultores do Vale do São Francisco (Valexport)”, José Gualberto.
Atualmente, o lago está com 18,21% do seu volume útil. Ele abastece os perímetros irrigados de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, que formam um dos maiores polos de fruticultura irrigada do País. Ainda de acordo com Gualberto, os perímetros irrigados que mais sofrerão com a diminuição da vazão vão ser os de Fulgêncio e Bebedouro, ambos em Santa Maria da Boa Vista, e o de Pedra Branca, em Curaçá (BA) .
A redução da vazão só ocorre depois que houver a anuência da Agência Nacional de Águas (ANA) . Atualmente, a vazão mínima do lago é de 800 metros cúbicos por segundo. A ambientalmente mais correta é 1,1 mil metros cúbicos por segundo. Desde 2013, a vazão de Sobradinho só fez cair para poupar a água do reservatório.
No ano passado, Sobradinho chegou a 1,1% do seu volume útil na primeira semana de dezembro, sendo o menor percentual de água acumulada na sua história. Em 2001, o lago chegou a pouco mais que 5% e isso provocou um racionamento de energia no Nordeste.
Não há risco de falta de energia na região, segundo técnicos do setor, porque novos empreendimentos, como as eólicas começaram a operar, aumentando a energia produzida no Nordeste. Também entraram novos empreendimentos como a segunda turbina de Belo Monte que adicionou mais energia no sistema. Atualmente, a região também tem mais interligações com as outras regiões, podendo importar energia do Sudeste ou do Norte.
A diminuição da vazão também está impactando cidades como a de Piaçabuçu, em Alagoas, próximo à foz São Francisco. A Prefeitura daquele município alega que a salinidade da água do rio tem atingido um patamar tão alto que tem prejudicado a saúde da população, o comércio e a arrecadação de impostos. Com a baixa vazão, a água do mar está invadindo o rio naquela localidade.