A empresa mineira Biomm comprou as instalações da fábrica que pertenceu a Novartis em Jaboatão dos Guararapes na Zona Sul da Região Metropolitana do Recife. Inicialmente, funcionaria lá uma unidade de produção de vacinas recombinantes – obtidas com engenharia genética – contra a meningite B. A unidade estava sem o seu uso definido desde 2014,embora a sua obra física tenha sido concluída, de acordo com informações do governo estadual.
A unidade pernambucana fazia parte do setor de vacinas da Novartis, o qual foi vendido para a GlaxoSmithKline (GSK). “Essa negociação levou mais de seis meses. A Biomm faz a medicina do futuro produzindo medicamentos recombinantes e anticorpos monoclonais”, diz o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões. Os remédios citados são feitos usando a engenharia genética e podem tratar de doenças como câncer, artrite reumatoide, hepatite B e meningite B.
O valor da transação não foi revelado por Norões. A assessoria de imprensa da Biomm foi contatada, mas não disponibilizou porta-voz para falar com a reportagem do JC. Um dos sócios da Biomm, é o empresário e ex-ministro Walfrido dos Mares Guia. Atualmente, a empresa está concluindo a sua primeira fábrica na cidade de Nova Lima, em Minas Gerais, onde vai produzir insulina também obtida por engenharia genética. “A unidade de Jaboatão deve fabricar novas linhas que estão em estudo”, conta Norões.
A Biomm está realizando estudos para definir o projeto mais apropriado para a unidade pernambucana que vai gerar empregos qualificados na região. O valor do investimento será definido após a conclusão desse estudo. “Os empregos serão muito qualificados e vão envolver funções que lidam com engenharia genética e biologia de alto nível”, afirma Norões. Não ficou acertado datas entre a Biomm e o governo do Estado.
A Biomm é uma indústria biofarmacêutica brasileira, com sede em Belo Horizonte (MG) listada na Bovespa. Ela possui patente para produção de insulina humana recombinante registrada em mais de 20 países, incluindo o Brasil, e pretende ampliar o portfólio no País nos próximos anos com outros medicamentos biológicos.
Com a aquisição, o governo de Pernambuco volta a ter a expectativa de que o polo farmacoquímico do Estado saia do papel. A unidade da Novartis em Pernambuco foi anunciada há oito anos pelo presidente Lula (PT) e o então secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Fernando Bezerra Coelho. Na época, se acreditava que a planta seria a segunda âncora do Polo Farmacoquímico de Goiana com um investimento de R$ 1 bilhão. Foi reservado um terreno junto a fábrica de hemoderivados, a Hemobrás, que estava sendo implantada pela União naquele município.
Depois disso, a Novartis desistiu do terreno em Goiana e informou que construiria a fábrica em Jaboatão dos Guararapes. A construção da fábrica foi iniciada com a conclusão prevista para o primeiro semestre de 2015. Antes do término da obra, a divisão de vacinas foi vendida e a fábrica ficou sem uma definição sobre o seu uso pelo menos desde 2014.