Lojas esvaziadas, medicamentos básicos em falta e operações fechadas em Pernambuco. Esse é o atual cenário da rede de farmácias Big Ben, que chegou ao Estado há quase uma década estimulando uma acirrada competição no setor. A empresa, que está passando por um processo de reestruturação econômica em todo o Brasil, sofre com a falta de estoques na maioria dos estabelecimentos. Faltam medicamentos simples, como amoxicilina, dipirona e paracetamol. Não há previsão para a reposição de produtos. Paralelamente, funcionários já foram demitidos e os que estão no emprego sofrem com um quadro de incerteza.
“Já faz uns três meses que vários remédios estão faltando. A gente ouve dos próprios clientes uns rumores de que a Big Ben vai fechar e a gente vai ser demitido. Mas ninguém da chefia disse nada sobre o assunto”, declara a funcionária de uma loja na Zona Norte do Recife.
Demitida nessa terça-feira (31), uma atendente de uma das lojas mais antigas da cidade, na Domingos Ferreira, disse ao JC que se sentia aliviada. “Apesar da tristeza, conforta saber que vou receber todos os meus direitos. O grande medo de todo mundo era ser demitido e ficar sem nada”, conta a ex-funcionária que trabalhava há sete anos para a empresa e preferiu não se identificar. Segundo ela, vários colegas de diferentes lojas foram dispensados ontem sob o argumento de corte de pessoal.
Enquanto em algumas lojas os trabalhadores ainda não sabem qual será o futuro, em outras o desligamento de profissionais já é certo e declarado pela gerência. “A empresa está passando por uma fase muito complicada. Eu sou líder aqui e preciso escolher, entre as pessoas da minha equipe, quem vai sair. Minha esposa também acabou de ser demitida. Essa situação toda é muito difícil”, aponta o gerente de uma outra unidade da Big Ben na área central do Recife.
Até o momento, pararam de funcionar uma operação no bairro das Graças, outra no Espinheiro e uma em Caruaru, Agreste do Estado. Na unidade das Graças, localizada na Rua Senador Alberto Paiva, um aviso na porta revela que a loja teve suas operações transferidas para outra unidade desde o dia 18 de janeiro.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtores farmacêuticos de Pernambuco, Ozéas Gomes, a rede tem 72 lojas no Estado, sendo a segunda maior operação do País, depois do Pará. “Cada empresa sabe onde a crise aperta e a Big Ben está reorganizando sua estrutura. Mas o importante é que o setor não está em crise”, diz. Até o fechamento desta reportagem, a empresa não retornou as ligações do JC.
Embora a rede Big Ben esteja passando por uma crise, o setor farmacêutico segue crescendo em todo o Brasil. Entre janeiro e novembro de 2016, último dado levantado, a Abrafarma contabilizava 6.377 lojas referentes a todas as 27 redes de farmácia associadas.