A redução da vazão do Lago de Sobradinho, na Bahia, para 650 metros cúbicos por segundo será analisada numa reunião que vai acontecer na próxima segunda-feira com representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e dos Estados que fazem parte da bacia do São Francisco. Será a vazão mais baixa desde que o reservatório foi construído na década de 70. Atualmente, o reservatório libera 700 metros cúbicos por segundo.
Para ocorrer a redução, a decisão tem que ser aprovada durante a reunião da segunda-feira. A finalidade de reduzir a vazão é poupar água para o abastecimento humano. “Depois que a decisão for aprovada, é um teste que vamos fazer. Até agora, só caíram 30% das chuvas esperadas no período úmido que abastece as nascentes do Rio São Francisco”, diz o diretor de Operação da Chesf, João Henrique Franklin. O período úmido daquela região começou em novembro e vai até maio.
A redução da vazão pode prejudicar os polos de fruticultura irrigada que captam água abaixo de Sobradinho, como ocorre com os municípios de Petrolina, Juazeiro, Santa Maria da Boa Vista, entre outros.
A diminuição da vazão também pode trazer mais despesas para as empresas que captam água no São Francisco para o abastecimento humano. Somente a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) tem mais de 20 pontos de captação a margem do São Francisco. A redução da vazão vem ocorrendo desde 2013 por falta de chuvas. Na época, eram liberados 1,3 mil metros cúbicos por segundo.
A Usina de Sobradinho tem a capacidade instalada para gerar 1050 megawatts (MW). “Atualmente, estamos produzindo em média 140 MW em Sobradinho. Com a redução, essa média vai cair para 130 MW também na média”, explica João Henrique. Ele acrescenta também que a estatal não tem hoje o impacto econômico dessa redução.
Ele afirma também que não há motivo para a população se preocupar com o abastecimento de energia “que pode ser trazida de outras regiões do País”. Em 2001, o Nordeste passou por um racionamento de energia porque Sobradinho atingiu 5% do seu volume útil. Na época, não existiam as térmicas – que são acionadas quando os reservatórios das hidrelétricas estão em baixa –[TEXTO][/TEXTO] e o Nordeste também tinha menos linhas de transmissão para trazer energia das outras regiões.