A Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, na última sexta-feira (18), parece não ter tido grandes impactos para o consumidor brasileiro, que continua levando para casa cortes de carne ou até mesmo consumindo a proteína nos restaurantes. “Eu olho a validade, a cor da carne, se tem algum cheiro estranho. Mas não vou deixar de comprar. Sempre escolhi produtos da Perdigão, Sadia, Seara porque são tidas como as melhores do mercado. Não pretendo trocar e acredito que toda essa situação seja específica de alguns locais”, enfatiza a funcionária pública Vera Castro.
Opinião semelhante é compartilhada pela comerciante Amanda Aguiar. Vegetariana, ela é responsável pelas compras mensais da avó e adquiriu carne mesmo após o anúncio da operação. “Minha avó já tem 95 anos e precisa consumir proteínas. O que procuro fazer é tentar observar a qualidade do produto”, relata.
Para grande parte das churrascarias e restaurantes que trabalham com a carne, a operação também não trouxe consequências negativas ao movimento do setor. “A Polícia Federal está fazendo uma operação desastrada. Nosso País é o maior exportador de carne do mundo e atingimos um patamar de qualidade. Essa movimentação não tem fundamento e as pessoas vão esquecer do assunto em uma semana”, opina o presidente da rede Spettus, Julião Konrad.
Há, porém, quem acredite no contrário. A depender do rumo das investigações e do que for provado contra as empresas, as pessoas podem ficar receosas e passar a consumir menos carne sem saber da procedência do alimento. “O movimento aqui no restaurante não diminuiu no fim de semana, depois do anúncio da operação, mas o consumidor pergunta qual carne estamos servindo. Com exceção da picanha argentina, todos os nossos outros cortes são brasileiros”, revela o gerente da Praça da Picanha, Adivan Teles. “Acho que, se esse assunto repercutir mais ainda, corremos o risco de perder clientes por causa do medo de consumir carne”, completa.
Se os consumidores brasileiros vão desistir da carne, ou pelo menos passar a consumi-la em menor escala, ainda está cedo para dizer. O fato é que, se comprovado, esse será um dos maiores escândalos contra o direito dos consumidores no País.
Ontem, cerca de 30 países, entre eles membros da União Europeia, desistiram de comprar carne brasileira das marcas acusadas de vender itens com má qualidade.