Nos mercados públicos recifenses, faltando apenas uma semana para a Páscoa, o otimismo passa longe das vendas de peixe. Apesar de a Associação Brasileira da Indústria de Pescados (Abipesca) estimar que o setor deve crescer 17% na venda de pescados nacionais no período em relação ao ano anterior, comerciantes locais se mostram desanimados e relatam vendas em baixa. Já o consumidor diz estar levando para a casa apenas pequenas porções e que o preço do produto, carro-chefe da Semana Santa, não agrada.
De acordo com o presidente da Abipesca, Eduardo Lobo, a instituição está em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para fiscalizar melhor o peixe estrangeiro, o que deve favorecer o produto do Brasil. “A fiscalização impede o excesso de água nos peixes importados. Assim, eles são vendidos a preços reais, contando somente o peso da carne”, comenta. Antes, o consumidor acabava levando água para casa.
Apesar dos esforços, o mercado local não sente os impactos da medida. Há 37 anos comercializando pescados no mercado de São José, área central do Recife, o comerciante Roberto Carlos da Silva afirma que, durante a semana, vendeu pouco mais de 50kg em produtos. “Nessa época do ano, faltando apenas uma semana para a Páscoa, eu já estaria vendendo cerca de 300kg por dia, mas só vendi 50kg desde o início da semana”, lamenta. Esperançoso com a melhoria do movimento, Roberto começou a fazer promoções e está vendendo o quilo da corvina, um dos peixes mais requisitados pelas classes populares, por R$ 11, cerca de R$ 2 abaixo da média do mercado.
Quem também lamenta o movimento fraco é o comerciante José Severino, conhecido no mercado como Seu Zeca. “Antigamente a gente comprava e sabia que ia vender tudo. Mas nessa situação de todo mundo desse País, com desemprego e sem dinheiro, a gente desanima”, diz. Em seu ponto, são comercializados pescados como corvina (R$ 12/kg), anchova (R$ 13/kg), tainha (R$ 13/kg) e albacora (R$ 15/kg).
Dona de casa, Sevi Barbosa saiu do mercado com as mãos vazias. “Vim para dar uma olhada na albacora, mas não gostei do produto. Achei que está fraco, e o preço mais caro do que no ano passado. Vou acabar voltando para casa sem nada”, afirma.
E quem está levando produto, leva em pequena quantidade. “Moro na Estância e geralmente compro peixe no meu bairro, mas lá o preço aumentou”, diz Aurélia Silva. Mesmo assim, a consumidora deixou o local com apenas seis postas do produto.
Neste ano, as apostas da Abipesca são o salmão e o bacalhau, a tilápia, e os peixes da bacia amazônica como pirarucu, tambaqui e pintado. Já na seara de pescados mais populares, divididos entre corvina, sardinha e cavalinha.