A Companhia Petroquímica Suape (PQS) registrou um prejuízo de R$ 1,4 bilhão em 2016, sendo 74% maior do que o resultado negativo de R$ 808 milhões apresentado em 2015. No próprio balanço da empresa publicado ontem, é citado que o aumento da má performance ocorreu principalmente pelo “aumento das baixas com impairment”. Resumidamente, o impairment é formado por ajustes contábeis que tentam medir o valor recuperável do que foi investido, incluindo aí erros de planejamento e até investimentos feitos a mais por causa da corrupção. Até o fim do ano passado, tanto a PQS como a Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe) formavam um só complexo petroquímico, pertenciam ambas a Petrobras – um dos alvos da Operação Lava Jato – e foram vendidas para a mexicana Alpek.
Para o leitor ter uma ideia, o balanço mostra que a PQS tinha um ativo (bens) no valor de R$ 1,4 bilhão em 2016. No ano anterior, o ativo da empresa era de R$ 2,7 bilhões. O valor do impairment contabilizado no atual balanço foi de R$ 1,1 bilhão, enquanto em 2015 esse valor foi de R$ 412 milhões.
“O impairment reflete de forma mais adequada o valor do ativo”, explica o diretor da empresa de consultorias de investimento Finacap, Luís Fernando Araújo. Isso significa que o ativo (bens) passa a ter um valor mais próximo do seu valor real. É público que na gestão passada da Petrobras alguns investimentos tiveram interesse político e ligação com esquema de corrupção, como mostrou a Operação Lava Jato, que revelou um esquema de propina bilionário envolvendo diretores da petrolífera, empresários e políticos.
O balanço também mostra que houve um erro de planejamento da PQS nas receitas futuras da fábrica de Ácido Tereftálico (PTA). “O custo do capital também aumentou porque os juros aumentaram muito no Brasil, especialmente para a Petrobras. O mercado passou a enxergar um maior risco na estatal”, explica Luís Fernando.
O balanço da Citepe também foi publicado ontem no Diário Oficial de Pernambuco. A Citepe registrou um prejuízo de R$ 1,1 bilhão em 2016, sendo 41% maior do que o resultado de 2015, quando apresentou um resultado negativo de R$ 818 milhões. O valor do impairment contabilizado no balanço da Citepe foi de R$ 879 milhões em 31 de dezembro de 2016.
O balanço das duas empresas é mais um capítulo que mostra a falta de eficiência no uso do dinheiro público. A venda de ambas está sendo analisada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Na época, foi divulgado que as duas receberam um investimento de R$ 9 bilhões e foram comercializadas por R$ 1,26 bilhão.