A briga entre os sindicatos dos cegonheiros em Pernambuco

Manifestações de diferentes atividades de classe atrapalhou o trânsito no Recife dois anos após o início da distribuição dos carros do Polo Automotivo de Goiana
Da editoria de economia
Publicado em 12/08/2017 às 7:15
Manifestações de diferentes atividades de classe atrapalhou o trânsito no Recife dois anos após o início da distribuição dos carros do Polo Automotivo de Goiana Foto: Foto: Léo Motta/ JC Imagem


Quando iniciava suas operações em Pernambuco, no primeiro semestre de 2015, a Sada – empresa de logística fornecedora da Fiat Chrysler, detentora da Jeep – já havia enfrentado protestos de caminhoneiros que reivindicavam a totalidade das vagas de emprego para pernambucanos. Mais de dois anos depois, motoristas de caminhões-cegonha voltaram a se manifestar na área central do Recife e em Boa Viagem, na Zona Sul, ao longo desta semana, provocando transtornos e evidenciando uma briga entre sindicatos.

Logo ao chegar ao Estado, a transportadora abriu 20 vagas para motoristas, sob o critério de que morassem em Pernambuco pelo menos desde 2011, o que evitaria a contratação de candidatos de outros estados atraídos pelas oportunidades geradas pela instalação da fábrica. Já naquela época, o Sindicato dos Transportadores de Veículos de Pernambuco (Sintrave-PE) se apegou ao argumento de que o Polo Automotivo de Goiana recebeu incentivos fiscais para se instalar no Estado e que, por isso, deveria como contrapartida contratar mão de obra local.

Apesar de ter incluído pernambucanos no seu quadro de funcionários, a composição de pessoal da Sada difere dos demais fornecedores em consequência da natureza de seu serviço. É a transportadora quem liga as fábricas da Fiat de Pernambuco à de Betim, em Minas Gerais. A conexão funciona de forma otimizada: os caminhões partem da unidade mineira carregados de modelos lá produzidos para abastecer o mercado pernambucano e retornam com modelos Jeep pernambucanos. Esse esquema é chamado de frete de retorno. Dessa forma, parte da operação realizada dentro da divisa pernambucana é inevitavelmente realizada por pessoas contratadas em Minas Gerais.

Aos motoristas pernambucanos, ficaram reservadas todas as viagens de redistribuição feitas pelo Norte e Nordeste do País. Já enfrentando polêmicas em 2015, o então diretor comercial da Sada, Edson Moreira, destacou “sou uma empresa privada. Tenho o direito de contratar quem eu quiser”, destacando que não iria abrir mão de seus funcionários mais antigos em Minas Gerais para atender a reivindicação dos cegonheiros locais.

NOVOS PROTESTOS

Nesta semana, não apenas um, mas dois sindicatos entraram na disputa por mais vagas para pernambucanos na transportadoras. Além do Sintrave-PE, participou das manifestações o Sindicato dos Transportadores Autônomos e Micro Empresas de Veículos Congêneres de Goiana - Pernambuco (Sintrago-PE). Após dois anos, ambos voltaram a reivindicar que a totalidade dos postos de trabalho ligados ao polo automotivo pernambucano para caminhoneiros do Estado. Nenhuma das duas entidades – que representam microempresas que contrataram diretamente os caminhoneiros –, no entanto, deixa claro o motivo de ter retomado agora a queixa contra a empresa.

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