Chineses buscam oportunidade de investimento em Pernambuco

Encontro Brasil-China foi realizado pelo consulado chinês no Recife e Governo de Pernambuco
Adriana Guarda
Publicado em 28/09/2018 às 7:00
Encontro Brasil-China foi realizado pelo consulado chinês no Recife e Governo de Pernambuco Foto: Foto: Divulgação


Em um curto intervalo de três meses, a recém-empossada cônsul-geral da China no Recife, Yan Yuqing, fez três visitas ao Porto de Suape. Impressionada com o complexo, prometeu trazer uma missão de empresários chineses para conhecer Pernambuco. A promessa se cumpriu na quinta-feira (27) com a realização do Encontro de Negócios Brasil-China, que reuniu 40 empresários locais e 23 empresas chinesas. Se depender da disposição dos asiáticos, obras de infraestrutura que não saíram do papel ou ficaram pelo caminho poderão ser destravadas. Companhias do setor de infraestrutura demonstraram interesse na obra viária do Miniarco, nos terminais de contêineres e de minério de Suape e na ferrovia Transnordestina.

“Ela (Yan Yuqing) assumiu o consulado há apenas três meses, mas quis conhecer Suape de perto. Considero que suas visitas foram muito mais do que consulares, foram visitas de negócio. Tanto que estamos aqui recebendo representantes de importantes empresas chinesas”, diz o presidente de Suape, Carlos Vilar. Do evento de ontem participaram companhias dos setores de infraestrutura, tecnologia da informação, seguros e finanças, eletrodomésticos, equipamentos industriais, energia renovável, equipamentos de saúde e logística.

Antes do início da rodada de negócios, os chineses assistiram a apresentações sobre as oportunidades de negócios em Pernambuco, a infraestrutura do Porto de Suape e as normas da Receita Federal. Bastante atentos às apresentações, os chineses anotavam tudo em mandarim. Em seguida, as companhias presentes fizeram rápidas apresentações sobre seus perfis de negócios e a rodada teve início. O evento aconteceu no 10º andar do prédio da administração portuária de Suape, com a presença do anfitrião Carlos Vilar e do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Antonio Mario Pinto.

“Estou feliz em assumir meu compromisso de trazer os empresários chineses a Pernambuco. Nos últimos anos as relações comerciais entre Brasil e China vêm aumentando, mas é preciso expandir isso para além de São Paulo e do Rio de Janeiro. Os chineses estão em busca de projetos para investir e o Estado oferece grandes oportunidades. O segundo terminal de contêineres e o terminal de minério são ativos de interesse. Temos a Cosco Shipping Line, uma grande empresa chinesa da área de logística marítima que pode decidir investir aqui. Além disso, os bancos chineses também poderão financiar projetos de interesse”, afirma Yan Yuqing. A cônsul também destacou que três bancos chineses investiram na construção do Porto de São Luís e também já aportaram recursos no Ceará.

TRANSNORDESTINA

O representante da gigante da construção chinesa CCCC destacou o interesse do grupo de investir em rodovias e ferrovias. O secretário Antonio Mario informou sobre projetos que podem ser tocados no modelo de concessão, a exemplo do Minicarco (via alternativa ao Arco Metropolitano entre os municípios de Abreu e Lima e Igarassu para desafogar o trânsito no polo de desenvolvimento norte do Estado). O estudo de viabilidade começou a ser realizado pelo consórcio cearense Assist-Comol, mas ficou pelo caminho. O Miniarco é um investimento de R$ 180 milhões (R$ 160 milhões do empreendedor e R$ 20 milhões de contrapartida do governo do Estado) para uma estrada de 14,4 quilômetros. “Temos esse débito com a Jeep, que precisa utilizar essas estradas para escoar sua produção e os chineses podem ser parceiros nesse projeto”, aposta.

O secretário diz que os empresários chineses chegaram a questionar a possibilidade de ir a Brasília agendar reunião no Ministério dos Transportes para discutir as possibilidades de parceira no projeto da Transnordestina. Com obras paralisadas desde 2016, a ferrovia de 1.753 km já recebeu investimento de R$ 6,2 bilhões, mas só teve 600 km concluídos até agora. “Eles estão interessados no terminal de minérios, mas o empreendimento só se viabiliza com a chegada da ferrovia ao porto. Se sair o pacote completo vai ser bom”, afirma Vilar.

PROJETOS ABANDONADOS

Além das obras de infraestrutura, o Complexo de Suape também tem a oferecer áreas vendidas ou arrendadas para empresas que são concluíram seus projetos ou saíram do mercado. A diretoria mapeou 25 que estão nessa situação, a exemplo da Impsa, Jaraguá, Fiber Glass, Maxpet, Terranor, Wärtsilä e outras. “São empresas já prontas ou com alguma estrutura que podem ser substituídas por outras”, sugere Vilar.

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