O governo do Estado concluiu a primeira fase da Rede Pernambucana de Pesquisa e Educação (Repepe) com a construção de um backbone óptico (que realiza transporte de dados) com 1.175 quilômetros de extensão. O investimento aplicado foi de R$ 6,8 milhões provenientes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O objetivo da Repepe é turbinar a internet de 407 instituições de ensino em 21 municípios, que pode variar de 1 a 10 gigabytes até o fim de 2019. Através da rede, os institutos também poderão acessar conteúdos offlines através de uma intranet. “Do ponto de vista da pesquisa acadêmica, por exemplo, uma rede de alta velocidade viabiliza o acesso e a troca de grandes dados. Já na educação básica existe a possibilidade de trabalhar conteúdos à distância, com ferramentas de ensino mais atrativas para os estudantes”, exemplificou a secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lúcia Melo.
Com a conclusão da primeira fase, a Repepe já beneficia quatro instituições localizadas em Caruaru, no Agreste: o Centro Acadêmico do Agreste da UFPE, o Armazém da Criatividade, o Centro Tecnológico do ITEP e a Escola Estadual de Referência do Ensino Médio Professor Vicente Monteiro. Além disso, há instituições que já eram beneficiadas por duas redes chamadas de Icone, no Grande Recife, e a Vasf, em Petrolina, que foram incorporadas ao Repepe, totalizando mais de 50 instituições.
No Armazém da Criatividade, que oferece serviços de coworking e de laboratórios de imagem, edição de vídeo e de som, prototipagem e outros, já é possível perceber um aumento no interesse em trabalhar no local. “O link da internet da gente está em 10 gigabytes. A gente trabalha com arquivos em grande resolução nos laboratórios de edição de som e imagem, então, tem muito mais rapidez para fazer transferência. Os coworkings também estão com internet de alta qualidade”, comenta o gerente do Armazém, Adalberto Rodrigues.
A Repepe é uma alternativa às redes corporativas utilizadas pelo Estado. Ao invés de fazer licitação para contratar um provedor que forneça link para a internet, o Estado terá uma estrutura própria compartilhada com outras entidades e empresas que ajudaram no estabelecimento da rede através de Parceria Público Privada (PPP) voluntária.
“É mais semelhante a um consórcio, a rede está sendo construída a diversas mãos. Na primeira fase, adquirimos equipamentos (chamados de DWDM) com o investimento do BID. Em uma comparação com uma adutora, os equipamentos são como bombas para transmitir o sinal de um ponto A para outro ponto B. A Celpe e a RNP (Rede Nacional de Pesquisa) entraram com outra parte da infraestrutura, como postes. E provedores parceiros constroem redes de fibra ótica e serão responsáveis pela manutenção, que é como se fossem a tubulação. O backbone é como uma espinha dorsal, uma grande infovia”, explica o secretário-executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação, Leonildo Sales. A PPP voluntária também possibilita a redução de custos. Segundo Sales, se o Estado fosse fazer o backbone, gastaria aproximadamente R$ 37,8 milhões.
A rede tem vida útil prevista de 15 a 20 anos. Boa parte dos 400 pontos beneficiados vão ser integradas à Repepe. A rede pode coexistir com outras já existentes, como a PE Conectado, que provê serviços de internet, telefonia e videomonitoramento para instituições estaduais através de licitações. Nestes locais, a Repepe vai turbinar a conexão.
Os equipamentos adquiridos criaram estrutura para que a rede chegue na “porta” dos municípios. O próximo desafio é fazer a internet sair do tronco do backbone e chegar até as instituições. “Estamos avançando em Caruaru, Belo Jardim e Garanhuns. Em cada município, vamos firmar um acordo de cooperação técnica para consolidar o modelo de Parceria Público Privada (PPP) Voluntário”, explica Sales.
Será possível, no futuro, ampliar a rede por meio de parcerias com provedores interessados em utilizar a estrutura do Estado e dos parceiros por meio de acordos de concessão. “Por exemplo, é como se o backbone fosse uma rodovia. Cada parceiro tem uma faixa de rolamento. Se o Estado quiser conectar uma escola rural, mas não quiser contratar uma empresa para prover o link e ficar pagando por mês, pode fazer parceria com um provedor que vai fazer o serviço em troca de um par de fibras do Estado”, diz.