A crise econômica que atingiu o Brasil nos últimos anos impactou fortemente o mercado imobiliário. De acordo com o Índice de Velocidade de Vendas de imóveis (IVV), que, entre outros dados, aponta o número absoluto de imóveis residenciais vendidos na Região Metropolitana do Recife (RMR), o segmento registrou quedas contínuas nas vendas totais entre os anos de 2014 e 2016.
Realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), o estudo, encomendado pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), aponta que mesmo registrando um crescimento nas vendas em 2017 o resultado ainda foi abaixo dos anos pré-crise. No ano passado, 4.807 imóveis foram vendidos na RMR – número só superior aos resultados de 2008, que fechou com 4.507 vendas.
Mas, mesmo com o setor em baixa, algumas construtoras passaram pelo período sem grandes percalços. Foi o que ocorreu com a construtora Campos Gouveia Incorporação. “Nunca deixamos de lançar nenhum empreendimento por conta da crise”, explica Breno Campos Gouveia, sócio-diretor da empresa, que já conta com 15 anos de mercado. “Não alteramos nada do nosso planejamento. No próximo ano, devemos lançar cinco empreendimentos no Estado, sendo quatro deles no Recife e um em Tamandaré”, explica.
Para o empresário, o segredo para atravessar a fase turbulenta foi analisar o que era ofertado pelo mercado e como os clientes respondiam ao que estava à venda. “A gente foi compreendendo que, se tem cinco produtos na prateleira, só se vende os dois melhores. Ou eu faço o melhor ou o segundo melhor ou eu não vou vender. E o melhor, que eu digo, é em relação ao custo-benefício. Eu não preciso ter o de mais alto padrão. O cliente pensa, principalmente, no custo-benefício. Se eu vou vender para a classe média, eu tenho que ter o melhor produto para aquela classe”, observa Breno.
Para ele, o perfil dos clientes mudou nos últimos anos. “Hoje, temos um cliente que entende mais, sabe mais o que quer". Na construtora, um dos empreendimentos que segue essa lógica é o Praça das Paineiras, lançamento da Campos Gouveia na esquina entre a Rua Paes Cabral e a Avenida Caxangá, no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife. Prestes a iniciar as obras, a construção teve metade dos apartamentos vendidos em apenas 15 dias.
O empreendimento tem 19 mil metros quadrados e contempla vários nichos de mercado, já que conta com apartamentos de dois e três quartos, e, no caso dos últimos, com três opções de tamanho. São 22 andares por bloco e quatro apartamentos por andar. Além disso, todas as unidades ainda contam com uma varanda gourmet. A construção do prédio começa em janeiro de 2019 e a obra deve ser entregue em dezembro de 2021.
Para Breno, o que ajudou a empresa nos últimos anos foi a saúde financeira da construtora, que utiliza capital próprio para a construção dos empreendimentos. “Quando eu lanço uma obra, eu começo os trabalhos ao mesmo tempo, eu não espero me capitalizar, eu não espero o dinheiro de vendas. Eu tenho o dinheiro em caixa. Já teve caso de começarmos a obra antes mesmo de lançar, para poder ganhar um tempo para que o empreendimento tenha um prazo mais curto para entrega. Eu começo antes e lanço depois”, detalha.
A presença constante dos sócios no dia a dia da empresa também é um diferencial para o sucesso da Campos Gouveia. Breno ressalta que participa de todas as negociações da construtora, visita as obras com frequência e ainda passa por órgãos públicos para tirar dúvidas sobre a regularização dos procedimentos. “Isso agiliza os processos e a gente sabe exatamente onde está pisando.”
Até no momento da venda ele está presente, o que o aproxima da clientela. “A gente tem domínio técnico e comercial do negócio. E tem cliente que se sente amigo da construtora”, finaliza o sócio.